TRIGO: Farinha mista só para compras do governo
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A farinha de trigo vai deixar de ter apenas o grão na sua composição. Este é o teor do projeto de lei 4.679/01 - que ainda terá que ser aprovado pelo Senado - e que prevê a obrigatoriedade da adição de 10% de fécula de mandioca à farinha tradicional utilizada nas compras governamentais. Com isso, alimentos como macarrão, biscoitos, bolachas e pães servidos na merenda escolar, nos presídios e para o Exército terão que levar a farinha mista. A estimativa é que cerca de 60 milhões de pessoas passem a consumir produtos fabricados a base do novo produto. A expectativa é que o novo projeto gere cerca de 30 mil empregos a partir do aumento do consumo da mandioca. O Paraná deverá ser um dos maiores beneficiados com a medida, uma vez que o Estado é responsável por cerca de 65% da fécula produzida no País. A nova redação é uma alteração do projeto original, de autoria do deputado federal Aldo Rebelo, que previa a adição de até 20% de fécula de mandioca em toda a farinha de trigo produzida no País. O novo teor foi negociado entre representantes e lideranças das cadeias produtivas da mandioca e do trigo.
Cadeia produtiva - ''Embora o projeto não tenha permanecido com a redação original, vai trazer benefícios para a cadeia produtiva da mandioca porque vai garantir um novo mercado para o amido, movimentando todos os segmentos da cadeia produtiva'', afirma José Eduardo Pasquini, presidente da Câmara Nacional Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. Ele acrescenta que os moinhos que utilizarem a fécula, independente das compras governamentais, terão incentivos fiscais, como a isenção do PIS e da Cofins (tarifada em 9,25%). ''Se o produto baratear em cerca de 10% todos sairão ganhando'', observa Pasquini. Além disso, na sua avaliação, o projeto terá a função de regular o mercado da mandioca porque se o preço da fécula tiver maior valor do que o trigo a mistura ficará automaticamente suspensa. Por isso, a previsão é que a cotação da fécula permaneça nos atuais patamares, variáveis entre R$ 800 e R$ 900 a tonelada. O preço do trigo varia entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil a tonelada. Ele acrescenta que a atual planta industrial da fécula de mandioca já tem condições de atender a demanda criada pelo projeto porque, atualmente, as indústrias trabalham com metade da sua capacidade.
Escolha - Procurada pela reportagem, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) se manifesta contrária à redação do projeto. ''Acreditamos que o consumidor têm direito de escolher os produtos que irão consumir e as indústrias a seu modo de fabricação'', afirma o presidente Samuel Hosken. Além disso, na opinião da cadeia produtiva do trigo, o projeto irá funcionar como uma reserva de mercado para os produtores de mandioca. ''O mais preocupante é que esta mistura fica enfraquecida do ponto de vista nutricional e será servida na alimentação escolar. Vai enfraquecer, sem baratear e isto está fora do princípio democrático'', salienta. (Folha de Londrina)