TRIGO: Estoque maior derruba preço do trigo

Embora tenha causado surpresa a alguns analistas, o novo relatório sobre oferta e demanda global de grãos na safra 2007/08 divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) não produziu efeitos limitados sobre os preços futuros dos grãos nas bolsas americanas. O órgão elevou a projeção de estoques globais do cereal em 2,83 milhões de toneladas em relação ao relatório de outubro, para 109,80 milhões de toneladas. Manteve as previsões de produção e exportações dos EUA, mas aumentou em 1 milhão de toneladas as projeções de safra da Argentina e da China. A produção de União Européia e Austrália também foram revistas.

Milho - "Os estoques finais ficaram acima do esperado, o que levou os preços a caírem", afirmou Para Flávia Moura, analista da Fimat Futures. Em Chicago, o contrato para março caiu 4,5 centavos de dólar, para US$ 7,8450 por bushel. Os números para o milho foram reduzidos por conta dos problemas climáticos que afetaram as lavouras americanas. A safra dos EUA agora é estimada em 334,48 milhões de toneladas; os estoques finais foram reduzidos para 48,17 milhões. "O mercado previa uma redução um pouco menor para a safra americana, mesmo assim, o relatório não provocou grande efeito no mercado", observou Flávia Moura. Na sexta-feira, o milho para março negociado em Chicago caiu 2,25 centavos, para US$ 4,0400 por bushel.

Dentro das expectativas - As projeções para a soja ficaram dentro das expectativas do mercado, na avaliação de Renato Sayeg, da Tetras Corretora. Os estoques globais foram reduzidos em 1,4 milhão de toneladas, para 49,35 milhões. Além de alguns reajustes na safra anterior, o USDA reduziu a produção americana em 100 mil toneladas, para 70,61 milhões, e reduziu a safra da China em 300 mil toneladas, para 14,3 milhões. "Já eram reduções esperadas. O próprio governo da China prevê uma safra menor, de 14 milhões de toneladas", afirmou Sayeg. Ele também observou que houve aumento no nível de consumo de óleo de soja para biodiesel, de 15% na safra passada para 21%. "É o mercado de energia que está se sobrepondo sobre os fundamentos de mercado. Tanto que o óleo de soja seguiu em alta e os preços do grão e do farelo caíram", disse. Na bolsa de Chicago, os contratos para janeiro registraram alta de 14,75 centavos de dólar e encerraram a última sexta-feira a US$ 10,56 por bushel. (Valor Econômico)