TRIGO: Câmara Setorial define estratégias para próxima safra (2007)

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Durante reunião realizada ontem (14/12), na sede do Ministério da Agricultura (Mapa), em Brasília, integrantes da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de Inverno, coordenada por Rui Polidoro Pinto e que contou com a presença do Sistema Ocepar, através do gerente técnico econômico, Flávio Turra, foram definidas algumas estratégias importantes para a safra de 2007 no sentido de restabelecer uma melhor relação entre todos os setores que participam da cadeia (governo, produtores, indústria e consumidores), especialmente para a cultura de trigo. Além dos Ministérios da Agricultura, e da Fazenda, também participaram desta 13ª reunião da Cadeia Produtiva, representantes da Faep, Farsul, Sinditrigo (PR, RS e SP), Abtrigo, Fecoagro/RS e o deputado federal, Luiz Carlos Heinze.

Estratégias – Segundo Turra, na reunião foram analisados alguns pontos importantes para a triticultura nacional, como por exemplo, a conjuntura atual, medidas governamentais necessárias em apoio a comercialização, revisão da Instrução Normativa nº 07 que trata dos padrões de identidade e qualidade do trigo nacional e política de incentivo para a próxima safra, 2007. Entre as principais decisões tomadas pelo grupo na reunião de Brasília está a apresentação de um Plano Safra para as culturas de inverno, que deverá ser elaborada por uma Comissão, integrada pela Ocepar, para que janeiro de 2007 seja apresentada ao governo. “Neste plano deverão constar propostas a serem adotada a médio e longo prazo, no sentido de reverter a atual situação para que os produtores brasileiros voltem a ver o trigo com uma opção rentável e viável. Para isso precisam existir regras claras de crédito e preços mínimos, estimulando assim novamente a produção de trigo no País”.

Gargalos - Flávio destaca que antes mesmo da implantação de uma política de incentivos o governo federal precisa resolver alguns gargalos importantes. “Não basta apenas estimular a produção é preciso antes buscar salvaguardas que garantam a comercialização do produto por um preço justo que cubra todos os custos de produção, especialmente no quesito insumos e máquinas agrícolas. Solucionar por definitivo a questão das exportações de trigo  do Paraná e do Rio Grande do Sul, bem como a cabotagem que atualmente inviabiliza a colocação do trigo do Sul para as regiões Norte e Nordeste”, frisou.  Também ficou definido na reunião que a Abtrigo elaborará um documento para ser discutido com os Ministérios da Agricultura, Fazenda, Indústria e Comércio e Relações Exteriores, na busca de alternativas a importação de farinha de trigo da Argentina, que está com um preço menor do que o produto in natura vendido ao Brasil e que acaba prejudicando a cadeia produtiva.

Falta incentivo - Na década de 70 o Brasil chegou próximo a sua auto-suficiência na produção de trigo. Existia uma política específica para o setor e os produtores eram incentivados a semear, retribuíam com mais de 90% das necessidades deste cereal para o consumo interno. Passados mais de três décadas, a situação é extremamente inversa, onde na última safra (2006), o total produzido não passa dos 22% da demanda interna. Segundo dados da Gerência Técnica Econômica do Sistema Ocepar, a produção brasileira de trigo nesta safra foi de 2,2 milhões de toneladas, onde o Paraná foi responsável pela metade, ou seja, 1,1 milhão de toneladas produzidas. A nossa demanda pelo cereal é de 10 milhões de toneladas, ou seja, teremos que importar muito trigo. Bom para os produtores argentinos, principais fornecedores do produto ao Brasil, que produziram na última safra 14,5 milhões de toneladas de um total de 588 milhões de toneladas colhidas em todo o mundo.

Estoques mundiais - Segundo Flávio Turra, os estoques mundiais do produto estão abaixo dos níveis médios, com 19,6% do consumo mundial e que provocam um aumento no preço do produto. Um exemplo é o preço pago pelo produto na Argentina, principal fornecedor US$ 190. No Brasil o preço pago está em torno de R$ 445,00 a tonelada para o produtor e de R$ 480,00 a tonelada no atacado. “O governo precisa ver a triticultura como um produto de segurança nacional, criar salvaguardas aos produtores, indústria e consumidores para que a cadeia não fique à mercê de políticas externas de incentivo e subsídios. Para se ter uma idéia neste ano sairão dos cofres públicos cerca de US$ 1,5 bilhão para a compra de trigo, somente da Argentina”, alerta Flávio Turra.

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