TRANSGÊNICOS EM DISCUSSÃO
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Cerca de 250 pessoas compareceram, nesta quarta-feira, ao fórum regional do Conesa (Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária) realizado em Ponta Grossa, no auditório da Universidade Estadual, para discutir a questão dos transgênicos, orientando lideranças e produtores sobre o assunto. Estiveram presentes o secretário da Agricultura do Paraná, Deni Schuwartz; os presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski; da Faep, Ágide Menegette; do Iapar, Florindo Dalberto; do Fundepec, Antonio Leonel Polloni; o deputado Orlando Pessuti, coordenador do Bloco Parlamentar Agropecuário; o diretor da Emater, José Geraldo Alvez, o diretor do Porto de Paranaguá, Lourenço Fregonese e outras autoridades regionais.
Garantia de mercado - O fórum foi aberto pelo presidente da Faep, Ágide Meneguette, que defendeu uma postura de cautela na produção de transgênicos, para evitar a perda de mercados não apenas de soja e milho, mas principalmente de carnes de aves e suínos. O presidente da Faep afirmou há um potencial extremamente promissor para a produção de carnes em geral, beneficiando indústrias, produtores de aves, suínos e bovinos. "Trata-se da oportunidade de aumentar a nossa participação no mercado mundial, especialmente no mercado europeu e asiático. Grande parte do mercado internacional rejeita carnes cujos animais sejam alimentados com produtos transgênicos, tenham razão ou não", alertou. Lembrou de apelos recentes de dirigentes de cooperativas francesas para que o Paraná não produza transgênicos.
Preparação para o futuro - O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, afirmando que em primeiro lugar devemos cumprir a lei, que proíbe a produção de transgênicos, considerou que a transgenia abre a possibilidade de aumento considerável da produtividade com redução de custos e, por isso, devemos estar preparados para a possibilidade da autorização de plantio de transgênicos. "Nós precisamos criar um sistema para criar regras a fim de dar tranqüilidade a quem produza. Se adotarmos uma postura única podemos cometer injustiças", frisou. Disse que serão os consumidores e os compradores que definirão se podemos produzir ou não os produtos transgênicos. Após essas considerações, afirmou que a Ocepar apóia as posições do Conesa, transcritos a seguir:
Controle da semente - De acordo com Resolução editada pela Secretaria Estadual de Agricultura e do Abastecimento, só poderão ser comercializadas no Paraná, ou em trânsito pelo Estado, soja-semente com certificado ou atestado negativo de análise de transgeníase, emitido por laboratório Oficial com Certificado de Qualidade de Biossegurança (CQB). A semente produzida no Estado do Paraná, a Secretaria da Agricultura irá fiscalizar 100% da semente de classe superior e por amostragem para semente fiscalizada, passando a exigir análise de transgeníase.
Informação aos produtores - Promoção de quatro seminários regionais pelo Conesa, visando esclarecer os sojicultores dos riscos do plantio de sementes geneticamente modificadas, enquanto persistir a sua proibição, esclarecendo as vantagens e desvantagens da soja tradicional comparativamente a soja transgênica, mostrando que os produtos apresentam qualidades idênticas, porém são produzidos com tecnologias diferentes. Realização de campanha informativa nos meios de comunicação das entidades do Conesa e na imprensa em geral, visando esclarecer e matar a curiosidade dos produtores.
Porto de Paranaguá - O Porto de Paranaguá garantirá a preservação da identidade e qualidade do produto rastreado e certificado, fazendo com que os importadores tenham segurança da soja a ser embarcada. Para tanto, a APPA em conjunto com os terminais privados, irão adequar suas estruturas de recepção e adotar uma logística diferenciada do fluxo de caminhões e vagões no desembarque, bem como, atuar junto aos navios para que o produto segregado seja embarcado em porões de navios individuais ou separado de produtos não certificados.
Análises de transgeníase - O Governo do Estado se compromete a estruturar no Tecpar um laboratório de análises de transgeníase (semente, folhas e raiz), credenciando-o junto às entidades normalizadoras internacionais, objetivando a construção de um organismo de certificação para fins de que o certificado seja reconhecido no exterior.
Armazenagem e comercialização - Compromisso das cooperativas e industrias de não receber soja OGM até que haja decisão quanto à legalidade do plantio e comercialização do produto. Comprometendo-se a implantar sistemas de controle na recepção, armazenagem, industrialização e transporte da soja. Visando garantir a rastreabilidade do produto.
Prudência - O deputado Orlando Pessuti, coordenador do Bloco Parlamentar Agropecuário da Assembléia Legislativa, também defendeu uma postura de prudência quanto à produção de transgênicos no Paraná. Mas admitiu que não se pode descuidar da implantação de uma infra-estrutura para garantir a rastreabilidade e a segregação da produção na eventualidade da autorização do plantio de produtos transgênicos. Afirmou que a questão não ser contra ou a favor dos transgênicos, mas estarmos preparados, pois caso esse mercado se expanda, os americanos já têm condições de executar, com segurança, a rastreabilidade e a segregação.
Legalidade, rastreabilidade e credibilidade - O discurso mais veemente sobre a necessidade de se ter um controle firme quanto à produção de transgênicos foi feita pelo diretor executivo do Fundepec, o ex-secretário da Agricultura Antonio Leonel Poloni, que deu ênfase aos riscos de não termos um controle rígido sobre a produção: risco para o comércio, para a qualidade e para a credibilidade do Paraná. Foi incisivo ao defender que hoje temos que recuperar a credibilidade no mercado internacional, mostrando que estamos cumprindo a lei que proíbe a produção de transgênicos. E para o futuro próximo temos que ter competência para segregar a produção (separar transgênicos de não transgênicos); competência para mostrar a qualidade da produção (com semente fiscalizada); e competência para fazer a rastreabilidade, garantindo assim a credibilidade do Paraná como produtor.
Deni Schwartz - O fórum foi encerrado pelo secretário da Agricultura Deni Schwartz, que se pronunciou defendendo o cumprimento da lei, evitando a perda de mercados. Disse que tinha sido ameaçado pelo Rio Grande do Sul, que estaria entrando com mandato de segurança para garantir a venda de sementes de soja transgênica no Paraná. Solicitou o apoio de todas as instituições que integram o Conesa na defesa dos interesses do Paraná. Ainda nesta quarta-feira o fórum seria realizado em Francisco Beltrão. Na quinta-feira (04), os fóruns acontecem em Cascavel e Maringá.