SÃO PAULO: Produtores de algodão pedem novos subsídios
- Artigos em destaque na home: Nenhum
A rentabilidade negativa dos principais grãos fez com que os agricultores preferissem o algodão em detrimento da soja e do milho. Em virtude disso, acredita-se que a área plantada com a fibra aumente até 25% em relação à safra passada. Com esse acréscimo, a produção nacional poderá chegar a 1,3 milhão de toneladas de pluma, a maior dos últimos três anos. "Esta havendo é uma recuperação de área, não aumento do plantio", explica Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado. Segundo ele, no ano passado, a superfície cultivada havia diminuído porque os preços da fibra não eram remuneradores.
Cotação - Receosos de que na colheita - cujo pico é no meio do ano, no Centro-Oeste - as cotações declinem, os produtores estão pleiteando junto ao governo apoio à comercialização. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen Rodrigues, a solicitação do setor é de R$ 400 milhões para o subsídio ao escoamento (Pepro). "O Pepro é o melhor programa de apoio à comercialização feito até hoje", diz Rodrigues. Biegai Júnior diz que alguns produtores levantam também a alternativa de lançamento de contratos de opção para 400 a 500 mil toneladas - o equivalente a 38% da safra. A ajuda será inferior à deste ano, quando a intervenção do governo foi sobre metade da produção.
Safra 2005/06 - Em 2005, os produtores diminuíram a área em 30% em virtude de preços baixos: R$ 1 a libra-peso, quando o mínimo de garantia é de R$ 1,34 a libra-peso. Com isso, a safra 2005/06 foi menor: 948,5 mil toneladas de plumas, que elevou os preços no mercado interno. Em certas épocas, era melhor vender no Brasil do que ao exterior. Por isso, segundo Biegai Júnior, para que os contratos de exportação fossem cumpridos, o governo lançou um subsídio ao escoamento para 460 mil toneladas de pluma.
Opção - O analista da Safras & Mercado argumenta que, apesar de para o governo os gastos serem maiores do que para o lançamento de opções, é melhor esta alternativa ao Prepo. "No mercado internacional pega mal esse subsídio", diz o analista. Além disso, segundo Biegai Júnior, as opções garantem o escalonamento da venda. Mas na avaliação de Rodrigues, o subsídio é a melhor alternativa porque interfere nos contratos já firmados. "Gosta-se ou não, esta é a realidade da agricultura brasileira, que passa por dificuldade e precisa de ajuda", argumenta o presidente da Abrapa.
Mapa - Rodrigues diz que a intervenção do governo deverá começar junto com a colheita, que inicia em março no Paraná. Apesar de o orçamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento prever R$ 2,8 bilhões para o apoio à comercialização da safra brasileira, fontes do governo disseram que ainda não existe um valor definido para o algodão, muito menos se haverá auxílio. Atualmente, os preços do algodão estão abaixo dos custos de produção - R$ 1,26 a libra-peso ante a R$ 1,34 a libra-peso. Mas, como já estiveram mais firmes anteriormente, cerca de 80% da safra foi vendida. (Gazeta Mercantil)