SAFRA II: Trigo rende, mas fica no armazém

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A colheita do trigo atingiu 90% na última semana, entrando na reta final, de acordo com levantamento do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). Os 820 mil hectares plantados representam área 7,7% maior que a do ano passado e devem render 1,86 milhão de toneladas, com ganho de 50% sobre a produção de 2006. O rendimento foi bom e os preços são considerados competitivos, mas o produtor se diz insatisfeito e ameaça reduzir a área da cultura novamente no ano que vem. A explicação está na dificuldade enfrentada na hora de vender o produto. As indústrias estariam se recusando a comprar o trigo nacional para forçar redução nos preços. O setor já discute a possibilidade de exportar.

Arrependimento - "Estou com o trigo parado e corro o risco de conseguir vender só depois de fevereiro do ano que vem", conta o triticultor Luiz Eduardo Pilatti Rosas, de Ponta Grossa. Ele relata que, depois de três anos sem plantar trigo, resolveu dedicar 150 hectares ao cereal, mas se arrependeu. O rendimento ficou acima da média, atingindo 2,57 toneladas por hectare, mas enquanto não é escoado, não se converte em renda. "Precisamos vender para investir na safra de verão." Pilatti afirma que não vai plantar trigo em 2008. "Plantamos acreditando que havia uma política do governo federal de incentivo à produção, uma vez que o trigo é essencial para a alimentação brasileira, mas não há."

Elevação de impostos - Os moinhos também reclamam. A elevação da cobrança de impostos de 20% para 28% na Argentina encareceu a matéria-prima importada e deixou a indústria brasileira em desvantagem. A previsão é de que seja mais vantajoso comprar trigo pronto da Argentina. Esse quadro, ainda indefinido, pode mudar a situação para os produtores. Segundo o Deral, só metade da produção da safra que está sendo colhida foi comercializada no Paraná. (Gazeta do Povo)

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