SAFRA II: Produção e qualidade do trigo melhora, mas comercialização é problema
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O aumento na produção e a melhora na qualidade não são motivos suficientes para que alegrar o produtor de trigo. O principal problema da cultura é a comercialização, já que a liquidez foi fraca em 2010, e iniciou com a mesma lentidão em 2011. Já é consenso no mercado de que a falta de liquidez vai reduzir a intenção de plantio na safra deste ano. Em 2010, o Paraná, estado que responde por cerca de 60% da produção nacional do cereal, diminuiu em 11% a área plantada de trigo. Segundo estimativas da Conab, a tendência para a próxima safra é que o percentual de redução na área de plantio varie de 10% a 15%.
Importação - O principal motivo para a dificuldade de comercialização do cereal é a concorrência com o trigo importado. No período de janeiro a novembro de 2010, foram importadas 5,8 milhões de toneladas do produto. A preferência pelo trigo importado ficou ainda mais evidente entre os meses de agosto e novembro, pleno período de safra. Nestes meses, as importações aumentaram 29% em comparação a igual período de 2009. Somente no mês de setembro o Brasil importou 545 mil toneladas, 48 % a mais em relação a setembro de 2009. "A entrada descontrolada do trigo importado traz sérias consequências de liquidez ao produtor nacional. As vendas estão num ritmo bastante lento e somente estão ocorrendo por meio dos leilões de PEPs (Prêmio de Escoamento de Produção) ou então porque o produtor necessita pagar dívidas com fornecedores", diz o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski.
Pedido de apoio - Segundo o dirigente, somente uma intervenção do governo pode solucionar o problema com a falta de liquidez do trigo. Confira a seguir algumas ações sugeridas pelo setor produtivo ao governo federal para solucionar a falta de liquidez do trigo:
- Apoio à comercialização através de leilões PEP, de contratos de opção de venda e aquisições do governo federal (AGF) e reajuste do preço mínimo. A quantidade de trigo que vai ser apoiada na safra via leilões de PEP deve ser anunciada com 60 dias de antecedência ao plantio;
- Realização de empréstimos do governo federal com opção de venda (EGF/Cov) para e garantir ao produtor o amparo de pelo menos 50% da produção anual;
- Criação de um programa de financiamento para o setor moageiro adquirir a produção nacional com as mesmas taxas de juros e prazos concedidos nas importações de trigo;
- Ajuste da Tarifa Externa Comum - TEC - para o trigo e seus derivados para no mínimo 35%, limitação das importações anuais a 50% do consumo interno, restringido-as ao período entre 01 de fevereiro e 31 de agosto, e não permissão de importação entre 01 de setembro a 31 de janeiro;
- Estabelecimento de tarifa compensatória sobre mesclas e farinha de trigo importadas.
- Suspensão da autorização automática de importação do grão e da farinha de trigo.