SAFRA I: Alta nos custos de produção diminui o poder de compra
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Quando o assunto é aumento no custo de produção, Jaílson Peroco, que produz grãos em Sarandi, na região de Maringá (Noroeste do Paraná), tem um histórico da evolução de preços na ponta da língua. Seus cálculos consideram a relação de troca de produtos (insumos) por produção. Ele conta que em 2002 pagava 13 sacas de soja pela tonelada de adubo. Hoje precisa de 29 sacas, um aumento de 127%, em sete anos. Na mesma proporção, cresceu a despesa com óleo diesel, que incide no custo com operações de máquinas. Para comprar 1 mil litros do combustível, eram necessárias 20 sacas de soja. Atualmente ele gasta o equivalente a 44 sacas.
Aumentos - Na Coamo, de Campo Mourão, Antônio Carlos Ostrowski, supervisor de unidades da cooperativa, cita o caso do milho safrinha para ilustrar duas situações: o aumento no custo operacional (desembolso) e o maior investimento em tecnologia. Na safra 2006/07, o cooperado gastou de R$ 470 a R$ 690 por hectare (insumos e operações de máquinas). Para este ano, o mesmo pacote tecnológico vai custar de R$ 520 a R$ 828. A Coamo planta a sua maior área de safrinha da história, que passar de 380 mil (já foi recorde em 2007) para 417 mil hectares. No ano passado, um aumento de 30% e, agora, mais 10% de variação. A diferença, segundo Ostrowski, está basicamente nos fertilizantes. Na Cocamar, de Maringá, esse insumo aumentou 40%, em um ano.
Confiança - Robson Mafioletti, analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas (Ocepar), destaca que o exemplo de Peroco reflete a realidade de perda do poder de compra do produtor. "A cotação das commodities está em alta, mas não acompanha a variação no custo de produção, agravada pelo aumento consecutivo e sistemático dos fertilizantes." Ainda assim, lembra Mafioletti, a pressão dos insumos no custo não chega a comprometer o investimento em ampliação de área e tecnologia. "O produtor continua apostando e confiante de que as cotações acima das médias históricas devem se manter, sustentadas pela elevação do consumo, no mercado interno e externo. " (Gazeta do Povo / Caminhos do Campo)