Safra de grãos 2003/04 deve atingir 127,7 milhões de toneladas
A safra brasileira de grãos 2003/04 - a primeira plantada no governo Lula - deve atingir um volume recorde entre 124,4 e 127,7 milhões de toneladas, com um acréscimo entre 1,5% e 4,2% em relação à de 2002/03, de 122,5 milhões de toneladas, anunciou nesta quinta-feira (23/10) o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. Os números constam do primeiro levantamento de intenção de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizado entre 6 e 10 deste mês em 426 municípios das principais regiões produtoras. Os técnicos da estatal entrevistaram 1.125 pessoas, entre produtores, técnicos e revendedores de máquinas e insumos. "A confirmação dessa estimativa ainda depende do clima", assinalou o ministro. Os prognósticos do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam uma redução das chuvas em novembro e dezembro deste ano, em plena época de plantio. "Isso pode afetar um pouco a produtividade." Rodrigues ressaltou, porém, que a previsão de um crescimento de 9,8% no consumo de fertilizantes, passando de 19,1 para 21 milhões de toneladas, reforça a estimativa de uma nova safra recorde. "A ampliação do uso desses produtos reflete o aumento da tecnologia e a maior capitalização dos produtores." O ministro ressaltou que a estimativa da Conab é conservadora. "A premissa é de que as condições de clima do ano passado foram muito boas, excessivamente favoráveis, e é difícil que isso se repita no próximo ano. Então, fizemos uma previsão conservadora em termos de produtividade", disse Rodrigues.
Área - A área plantada também deverá crescer. O levantamento da Conab indica que ela se situará entre 45,2 e 46,2 milhões de hectares, com um acréscimo entre 3% e 5,4% em comparação com os 43,9 milhões de hectares cultivados em 2002/03. Isso representará um adicional entre 1,3 e 2,4 milhões de hectares à agricultura brasileira. Algodão, soja e arroz devem ser os principais responsáveis por esse aumento. Já a área de milho 1ª safra deve cair em 5,5%. A produtividade na safra que está começando deve ter uma redução média de 1,4%, caindo de 2.792 para 2.752 kg/ha.
Soja - A exemplo do que ocorreu neste ano, a soja deverá ser o destaque da safra 2003/04. A estimativa é de que a produção recorde da oleaginosa fique entre 56,1 e 58 milhões de toneladas, com um acréscimo entre 7,8% e 11,5% sobre as 52 milhões de toneladas do período 2002/03. Segundo Rodrigues, o Brasil deve exportar cerca de 25 milhões de toneladas de soja em grãos e 16 milhões de toneladas de farelo de soja. Ele calcula que haja um aumento de aproximadamente 10% em faturamento com as vendas externas do produto em 2004, que devem somar US$ 8 bilhões neste ano.
Algodão - O algodão em caroço também deverá ter um crescimento expressivo, situando-se entre 1,74 e 1,81 milhão de toneladas, com um incremento entre 27,6% e 33,2% sobre a safra passada, de 1,36 milhão de toneladas. A produção de algodão em pluma deve variar entre 1 e 1,13 milhão de toneladas, com acréscimo entre 28,3% e 34% sobre as 847,5 mil toneladas da temporada passada. Já a colheita de arroz deve crescer entre 10,1% e 13,2%, passando de 10,3 milhões de toneladas para algo entre 11,4 e 11,7 milhões de toneladas.
Feijão - A Conab estima ainda aumento entre 4,1% e 5% no feijão, cuja produção deve se situar entre 3,33 e 3,36 milhões de toneladas, contra as 3,2 milhões de toneladas colhidas em 2002/03. A safra de milho, porém, deve ter uma queda entre 7,9% e 5,9%, ficando entre 43,79 e 44,76 milhões de toneladas, contra as 47,5 milhões de toneladas do período 2002/03. "Como há um estoque de passagem de 5 milhões de toneladas, o abastecimento interno deve ser tranqüilo", destacou o ministro.
Trigo -
O levantamento da estatal também aponta uma produção de
5,1 milhões de toneladas de trigo em 2004, volume idêntico ao da
safra deste ano. Isso representa cerca de 50% do consumo nacional, estimado
pela Conab em 10,1 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil se torna
menos dependente das importações do produto e volta a produzir
o cereal nos mesmos patamares do final dos anos 80, quando as colheitas foram
de 5,4 milhões de toneladas. (Fonte: Mapa)