REUNIÃO DIRETORIA I: Cooperativas projetam boas perspectivas para 2010
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A crise financeira mundial, desencadeada no segundo semestre de 2008, afetou o cooperativismo paranaense ao longo desse ano, mas com intensidade menor que a inicialmente esperada. De um modo geral, as cooperativas conseguiram manter os investimentos planejados para 2009 e vão fechar o exercício alcançando movimentação financeira semelhante à obtida no ano anterior. As intempéries climáticas também causaram preocupação e prejuízos, especialmente para os cooperados e cooperativas do ramo agropecuário, mas a safra 2009/10 deve ser concluída com resultados mais animadores. Os desafios do ano foram superados e as projeções para 2010 são otimistas. Essa é a expectativa dos presidentes das cooperativas que participaram na manhã desta segunda-feira (14/12), na sede da Ocepar, em Curitiba, da última reunião de 2009 promovida pela diretoria da organização com o objetivo de fazer um balanço das atividades do ano e discutir as ações que deverão ser executadas em 2010. O encontro foi coordenado pelo presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, e pelo superintendente José Roberto Ricken. O coordenador de Comunicação, Samuel Milléo Filho, também participou, discorrendo sobre a campanha de marketing do Sistema Ocepar, lançada no dia 26 de novembro. Estiveram ainda presentes na reunião o secretário estadual da Agricultura, Valter Bianchini, e o presidente do Sistema Fecomércio, Darci Piana.
Central Sicredi - Na avaliação do presidente da Central Sicredi PR/SC, Manfred Dasenbrock, 2009 representou um marco para o cooperativismo de crédito. "O setor deu passos relevantes em 2009, um ano que nós podemos considerar histórico porque, em primeiro lugar, a crise de crédito foi superada de forma muito positiva pelas cooperativas do ramo, principalmente as do Sicredi, que se posicionaram sempre ao lado do associado. Isso fez com que nós tivéssemos um ingresso considerável de associados, um aumento de depósitos, de movimento financeiro e de crédito, mesmo num período de grande dificuldade", afirmou. Outra conquista importante foi a aprovação da lei complementar 130, que regulamentou o setor. "Assim, o cooperativismo de crédito passou a fazer parte do contexto regulador do país, não depende mais tão somente dos normativos do Banco Central, embora a guarita do BC seja importante, pois reforça todo esse conceito. A aproximação das cooperativas de crédito com o próprio Banco Central, no sentido de combinar as coisas, de combinar o jogo e construir uma relação da ordem financeira, da parte dos controles internos, tudo isso de forma muito responsável, nós consideramos um grande passo nesse ano de 2009", acrescentou. Dasembock também destacou como fatos marcantes do ano a consolidação da estrutura de governança implantada pelo Sicredi e a criação da Sicredi Participações S/A, que é o grupo controlador do sistema e vai permitir manter o diferencial cooperativo. Ressaltou ainda a parceria com o Sescoop/PR na área de capacitação. "Foi um marco decisivo, uma interação fantástica que nos permitiu a realização de treinamentos, encontros para, acima de tudo, investirmos na capacitação e na educação das pessoas para o bem servir dos associados. Então, nós olhamos 2010 com muito otimismo, com a previsão de uma safra boa. Esperamos que os vendavais diminuam um pouco e a gente consiga ter uma safra melhor que 2009. As perdas foram significativas. Mas agora estamos otimistas, com um planejamento muito ousado indo ao encontro dos associados. Entendemos que no ano que vem, o crédito vai novamente dar um passo importante naquilo que a própria comunidade monetária internacional aguarda de nós, que é fazer o diferencial competitivo junto às comunidades", concluiu Manfred.
Copacol - O presidente da cooperativa Copacol, Valter Pitol, considera que os resultados obtidos em 2009 foram positivos, especialmente diante das peculiaridades do ano. "2009 foi muito difícil, seja em relação à produção mas, principalmente, quanto à comercialização de carnes. Um ano em que a cooperativa procurou fazer o seu dever de casa, prestando atendimento aos seus cooperados da melhor forma possível para superar o desafio da crise mundial e também a frustração da produção agropecuária. Mesmo assim, nós estamos chegando no final do ano mantendo o resultado de maneira bastante equilibrada. A cooperativa cumpriu o seu papel conseguindo sustentar as atividades dos seus cooperados. O nosso faturamento previsto, cerca de R$ 1 bilhão para 2009, será até um pouco superior ao de 2008. Nós mantivemos os investimentos programados, concluímos algumas atividades em armazenagem, para estocagem da produção para nossos associados, e também na parte industrial. Enfim, aquilo que nós projetamos, nós conseguimos executar dentro do planejamento que vinha de anos anteriores. Mesmo com as dificuldades, a cooperativa obteve uma sustentação, um faturamento e um resultado que podemos considerar bons, tendo em vista o que ocorreu durante o ano". Segundo Pitol, a expectativa para 2010 é de que os associados alcancem uma produção agrícola satisfatória. Além disso, a idéia é manter os investimentos. "O principal investimento que nós devemos realizar, além de todo o avanço na suinocultura, com a produção de leitões, é o aumento na produção de peixes. Também estamos vislumbrando um processo industrial da soja, que devemos dar início em 2010, concluir em 2011 para que no início de 2012 nós já possamos fazer a industrialização para atender, principalmente, a nossa demanda de farelo e óleo. Nós temos certeza de que, com a melhoria do volume de produção, no âmbito dos associados, nós continuaremos nossos investimentos em 2010 de forma transparente, no sentido de procurar atender as necessidades dos nossos cooperados", ressaltou.
Coagru - Ao fazer um balanço do ano, o presidente da Coagru, Áureo Zamproneo, também ressaltou os obstáculos advindos dos problemas de clima que atingiram a produção no campo. "Foi um ano difícil. Nós tivemos seca na soja, geada no trigo e também chuva no milho. Houve uma quebra acentuada de safra. Mas, apesar das dificuldades, a cooperativa conseguiu fechar o seu resultado de forma bastante produtiva. O nosso faturamento diminuiu aproximadamente 10% em função dos preços e também da queda de recebimento. Mas nós conseguimos manter os investimentos que havíamos planejado. Não houve ruptura". O presidente da Coagru acredita que a produção de soja deve ser o principal destaque da safra. "As perspectivas para 2010 são excelentes. A soja está caminhando para um patamar espetacular, está chovendo normalmente e nós deveremos ter uma super safra de soja. O milho foi menos cultivado, mas o que foi plantado está bom. Dessa forma, nós almejamos uma recuperação no recebimento da safra e, com isso, isso, o aumento do faturamento também. E a expectativa da cooperativa com relação aos investimentos passa ser retomada com mais rapidez. Acho que o ano que vem será excelente. Tem tudo para isso", disse Zamproneo.
Cofercatu - Para o presidente da Cofercatu, José Otaviano, as bases de sustentação do cooperativismo foram fundamentais para a superação dos desafios de 2009. "Para nós, que temos um foco muito importante no setor sucroalcooleiro, foi um ano muito difícil. Houve uma série de problemas climáticos, como o excesso de chuva, que prejudicaram o ritmo normal do serviço. A grande façanha nossa é chegarmos vivos no final do ano. Eu acredito que se não fosse o cooperativismo teríamos muito menos apoio por parte do produtor. Em função disso, provavelmente as dificuldades seriam muito maiores. Muitas pessoas dentro do setor tiveram dificuldades, tendo até mesmo que dispor de suas unidades. O cooperativismo agrega mais e a gente conseguiu até agora ficar em pé para sobreviver Mas eu acredito que coisas ruins acontecem esporadicamente. Estamos muito animados em relação ao próximo ano pois nós atravessamos um momento de preços agradáveis, tanto na parte de açúcar como de álcool. Assim, estamos caminhando para um bom ano de 2010", afirmou José Otaviano.
Unimed - Na área de saúde, 2009 também representou um momento de superação, segundo o presidente da Federação Unimed Paraná, Orestes Barrozo. "Foi um ano de grandes desafios para as cooperativas de saúde. O processo de regulação feito pelo governo impactou de forma contundente o ramo, mas a maioria das cooperativas soube acertar a sua situação junto à Agência Nacional de Saúde (ANS). Com isso, fomos crescendo uma média de 6% este ano, que representa a média de crescimento no número de beneficiários. A receita das cooperativas deve apresentar um crescimento bem maior que isso, por conta do aumento dos custos verificado no sistema de saúde. Mas temos uma expectativa muito boa, até porque o crescimento da receita acompanha o aumento dos custos, porque temos que aumentar as contra-prestações e o valor dos serviços prestados pelos hospitais, laboratórios e médicos. Ou seja, está havendo um aumento de receita, de custos e de beneficiários", explicou. Ainda de acordo com Barrozo, o Sistema Unimed representa hoje cerca de 35% de todo o mercado de saúde suplementar. "É o segmento que mais vem crescendo dentro deste mercado", frisou. Ele está otimista em relação ao próximo ano que, em sua opinião, reserva novos desafios. "Para 2010 teremos alguns desafios. Primeiro, há o processo de legislação que está pacificando uma série de problemas que tínhamos, a exemplo de problemas tributários. E temos uma expectativa grande em relação ao reconhecimento do Ato Cooperativo para as cooperativas de saúde. Isso está em processo de discussão dentro da Câmara dos Deputados e acreditamos num resultado favorável. Estamos com uma expectativa boa em relação ao mercado. As perspectivas são otimistas para 2010", completou.
Coamo - Apesar da crise financeira mundial, o ano de 2009 foi positivo para a Coamo, de Campo Mourão. Segundo o presidente da cooperativa, José Aroldo Galassini, a Coamo deve encerrar o ano com um faturamento de R$ 4,5 bilhões, montante menor em relação ao registrado em 2008, na ordem de R$ 4,710 bilhões. "Mesmo assim o balanço que fazemos é positivo, porque fomos muito ativos diante da crise e tivemos sucesso, principalmente em relação à industrialização, o que possibilitou pagar melhor o produtor e, desta forma, puxar mais a produção. Já estamos inclusive fazendo a antecipação de sobras e acho que o nosso cooperado irá ficar satisfeito com os resultados", avaliou. Para 2010, o dirigente comenta que as perspectivas são otimistas. "O primeiro passo é ter uma grande safra e esperamos que isto aconteça. As projeções climáticas são favoráveis, apesar que é difícil ser preciso nas previsões de clima a longo prazo, mas até o momento tudo vai muito bem, o que aumenta a confiança em torno de uma safra boa, com produtividade normal. Se isso se confirmar, ou seja, o ano será bom para os agricultores e para a cooperativa. Em relação aos preços, temos que esperar para ver", disse. Segundo ele, dois fatores podem refletir de forma negativa nas cotações das commodities agrícolas: os estoque altos e o câmbio.No entanto, a expectativa é que a demanda mundial por grãos aumente, o que eliminaria problema do excedente mundial dos estoques. Há essa possibilidade em função de boatos de que alguns países já saíram da crise. Mas temos esperar para ver se esta situação se confirma", afirmou.
Confepar - A Confepar conseguiu manter a liquidez em 2009, de acordo com o presidente da cooperativa, Renato Beleze. "O ano de 2009 foi positivo, apesar da crise mundial que tivemos. Os produtos focados em exportação foram os mais atingidos mas, de uma maneira geral, o mercado interno compensou. Apesar do faturamento um pouco menor, a Confepar conserva a sua liquidez, o que é muito importante no cooperativismo. E acreditamos que 2010 será um ano muito melhor porque o mundo já dá sinais de recuperação. Vai ser possível recuperar a diminuição no faturamento.Hoje já observamos um aumento significativo na demanda pelo nosso produto, que é o leite, no mercado externo. Observamos também uma falta e, ao mesmo tempo, uma demanda grande por alimentos para o mundo nos próximos anos. Então, estamos otimistas para 2010 e devemos retomar o faturamento, produção e os investimentos", disse.
Castrolanda - A pressão sobre os preços dos produtos agropecuários foi uma das grandes dificuldades de 2009, na avaliação do presidente da Castrolanda, Frans Borg. "2009 foi um ano em que sentimos a ressaca da crise internacional em relação a crédito, principalmente, dos nossos clientes. Sentimos uma pressão nos preços de mercados, justamente por falta de crédito para quem nos compra os produtos. Foi nitidamente um ano de pressão em cima dos preços do leite e suínos e, automaticamente, milho e soja, entre outros. Também não houve muito crescimento. Para 2010, esperamos que essa ressaca comece a lentamente se reverter. Mas, pelas perspectivas de hoje, não podemos dizer que 2010 vai ser melhor que 2009. Não acreditamos nisso, a não ser que no segundo semestre o cenário mude. Mas achamos que devemos ficar com os dois pés no chão, firmes, com cautela, porque 2010 não será um ano de aplaudir", acredita Frans.
Cocamar - Segundo o presidente da cooperativa Cocamar, Luiz Lourenço, 2009 foi um ano extremamente difícil, especialmente para os agricultores. "O produtor passa por um momento de dificuldade: em função de estiagem e depois por excesso de chuvas, a produtividade e a renda caíram. Problemas climáticos que atingiram lavouras de soja, milho e trigo. O produtor levou bordoada por todos os lados. Estamos apostando na próxima safra, temos chance de ter uma boa produtividade porque o clima até o momento está ajudando. O início de safra, o start das lavouras está espetacular, faz muitos anos que não vemos um começo tão animador. Se os preços continuarem como estão ou, se melhorarem um pouco, os produtores poderão recuperar seu fluxo de caixa. Sobre 2009, diria que é um ano para esquecer, extremamente difícil e com muitas dificuldades", disse. Em sua avaliação, no entanto, o próximo ano promete ser bem melhor. "Para 2010 estamos otimistas. A redução do custo de produção é um fato importante, que também pode contribuir para a recuperação da renda no campo. Com respeito à Cocamar, seguiremos o caminho da inovação, investindo em novos produtos e tecnologias de venda, com o permanente esforço de chegar e permanecer nas prateleiras dos supermercados. Temos uma concorrência forte no varejo e a cooperativa precisa ter habilidade para negociar, permanecer e fazer mídia. Acreditamos num 2010 de bons resultados e conquistas", afirmou o presidente da Cocamar.
Coopavel - O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, avalia que, apesar da crise, as cooperativas conseguiram manter bons resultados em 2009. "Para o cooperativismo foi um ano bom porque as cooperativas se mantiveram como referência no mercado, tanto em grãos quanto na área de carne. Não houve diminuição nas estruturas de integração na pecuária, tanto leite, quanto carne de aves e suínos. Foi um ano positivo pois até tivemos avanços no mercado. Em termos de balanços das cooperativas, não foi um ano bom de resultados, mas excelente em termos de comparativos", afirmou. "Quando iniciamos 2009, havia uma nuvem muito pesada sobre a economia mundial, então as perspectivas eram péssimas. Mas, com o passar dos meses, elas não se confirmaram, esta nuvem foi dissipando. Não perdemos espaço, continuamos atendendo nossos clientes, nossos cooperados. Dessa forma, considerando como iniciamos 2009, estamos encerrando com resultados positivos. Evidentemente aquém do esperamos, mas positivos, porque a crise não encerrou", avalia. Grolli informou que a cooperativa está fechando o ano com o mesmo faturamento de 2008 e com um aumento de 5% no número de funcionários. "Para 2010, a expectativa é positiva porque vamos entrar com um domínio melhor da crise. Também acredito que no ano que vem estaremos com a parte operacional industrial em condições de crescimento ou voltar a operar nos níveis de 2008. Mas a minha opinião pessoal é que o término da crise será em 2012", completou.
Frimesa - Na avaliação do presidente da Frimesa, Valter Vanzela, 2009 foi melhor para o cooperativismo do que se imaginava no início do ano. "Começamos o ano com uma ansiedade muito grande. A expectativa era muito duvidosa porque não sabíamos o que vinha pela frente, principalmente, em relação às operações financeiras. Mas acabou que 2009 não foi nenhuma catástrofe e nem foi tão bom do jeito que gostaríamos que fosse", comenta o dirigente. Segundo ele, não foi possível evitar os reflexos da crise financeira mundial, no entanto, as atividades da cadeia produtiva foram viabilizadas e o produtor conseguiu manter o seu nível de produção, sem precisar mexer na sua estrutura. "Para a cooperativa, os resultados econômicos e financeiros registrados foram modestos, no entanto, não vamos fechar o período com prejuízos", revela. De acordo com o dirigente, o principal reflexo da crise foi a redução das exportações, no entanto, a cooperativa conseguiu compensar essa situação ampliando as vendas no mercado interno. "Exportávamos mais de 20% do nosso faturamento, hoje não exportamos nem 3%. Neste aspecto até obtivemos um ganho, porque conseguimos conquistar um espaço no mercado interno. Além disso, aumentamos a produção de produtos com valor agregado, o que também ajudou nas nossas receitas. Então, para as atividades da Frimesa não dá para cantar vitória em 2009, mas considerando o que se projetava para o ano, não vivenciamos nenhuma desgraça. Mantivemos posição no mercado e estamos muito bem preparados e organizados para 2010", finaliza.