PRODUTORES OTIMISTAS COM A PRÓXIMA SAFRA DE TRIGO
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Mais de 60 pessoas compareceram ao Fórum do Trigo, realizado ontem em Curitiba, na Emater, pela Secretaria da Agricultura, Ocepar, Faep, Sinditrigo, com apoio do Ministério da Agricultura e Apasem, para discutir as políticas para a próxima safra. O secretário da Agricultura Deni Schwartz foi representado no fórum pelo diretor Norberto Ortigara e Ágide Meneguette, da Faep, pelo diretor Livaldo Gemin. O presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, se mostrou otimista com as medidas anunciadas: "Pela primeira vez o governo está sinalizando uma política mais consistente para o trigo, com o preço mais próximo daquilo que se está sendo reivindicado pelo setor. As informações que nós tivemos nas reuniões anteriores com o ministro e Banco do Brasil foram confirmadas neste fórum. Também se confirmou a alocação dos recursos de custeio e foram anunciados os contratos de opção, num volume de até 700 mil toneladas para o Paraná. Isso nos dá segurança de que teremos uma garantia de preço de pelo menos R$ 285,00 por tonelada", frisou Koslovski.
Plantio de 1,1 milhão de hectares no PR - O presidente da Ocepar acredita que essas medidas, mais o envolvimento do moinho na priorização da compra do trigo brasileiro, permite criar um clima otimista. "Nós acreditamos que, com todas essas informações o Paraná deverá plantar toda a semente disponível. A Ocepar acredita que a área pode aumentar para 1.100 mil hectares", frisou. Esse otimismo foi transmitido também pelo presidente da Abitrigo, Roland Guth, pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa do Espírito Santo e pelo chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo da Embrapa, Benami Bacaltchuk, que apresentaram informações sobre a política de trigo, perspectivas da próxima safra e mercado. Paulo Coutinho, da Conab, e Carlos Alberto Roden, da Superintendência do Banco do Brasil no Paraná, também apresentaram informações sobre custos, comercialização e política de crédito para o trigo.
Estoques mundiais - A queda gradativa dos estoques mundiais de trigo é uma das razões para acreditar numa recuperação interna dos preços aos produtores, mostrou Benami Bacaltchuk: 176 milhões de toneladas em 98/99 e 152 milhões de toneladas em 2001/2002. Enquanto a produção vem apresentando pequena oscilação, o consumo cresceu 6 milhões de toneladas nos últimos quatro anos. A queda da produção Argentina também sinalizou para que as autoridades brasileiras mostrassem preocupação, forçando-as a um apoio crescente ao aumento da produção nacional. Estima-se que, persistindo as políticas anunciadas pelo governo, por volta do ano 2005 o Brasil atinja a produção estimada de 6,5 milhões de toneladas, que será, então, equivalente a 50% do consumo nacional, hoje estimado em 10,5 milhões e projetado para 13 milhões naquele ano.
Situação excepcional e exportações - O chefe do Centro de Pesquisa do Trigo da Embrapa, Benami Bacaltchuk, está entusiasmado com o momento propício ao trigo, inclusive com a abertura de novas fronteiras no Centro Oeste e Nordeste. "Temos antevisão dos preços e garantia do governo, além de perspectiva de acordo entre indústria e produtores. Acho que essa vai ser uma grande safra e o início de uma grande mudança na triticultura", frisou, acreditando numa safra entre 3,6 milhões a 4 milhões, dependendo do comportamento do clima. "O próximo passo é o Brasil ter coragem de entrar no mercado internacional, não como comprador, mas também como exportador". Para o pesquisador, a exportação permite ao país ter uma habilidade de competição maior, oferecendo ao produtor uma diversidade de mercado, "pois ficar só nas mãos de um sistema industrial pode não ser ruim, mas não dá nenhuma alternativa. A indústria estando mal, o produtor fica mal. Então, tendo condições de alternativas, essa safra está nos oferecendo essas boas perspectivas". Também defendeu o seguro da produção agrícola como forma de garantir tranqüilidade aos produtores.