PREÇO DA SOJA LEVA BRASIL A PROTELAR AÇÃO CONTRA EUA
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O processo que o governo brasileiro abriria para contestar os incentivos americanos à produção de soja foi temporariamente engavetado em função dos bons preços que a soja alcança no mercado e de outras prioridades, como a possibilidade de acionar Estados Unidos e União Européia pelos subsídios dados ao algodão e ao açúcar. Na soja, a recuperação dos preços no mercado internacional e a nova legislação agrícola americana motivaram o recuo levam a crer que o pagamento mínimo garantido pela "Farm Bill" não deve ser praticado, dificultando a tarefa de provar os prejuízos aos produtores brasileiros.
Algodão e OMC - A preocupação do governo, agora, são os subsídios americanos ao algodão, que propiciaram o aumento da produção dos Estados Unidos, derrubando os preços. Mas o próprio governo brasileiro mostrou divergências internas quanto à necessidade de mecanismos para conter um duvidoso surto de importação proveniente dos Estados Unidos. Isso leva representantes dos produtores a buscarem uma solução mais ampla na OMC e segunda-feira (29) será marcada uma reunião com o Itamaraty para debater o assunto. O apoio irrestrito do setor privado é condição prévia do governo para pedir consultas na OMC, inclusive com a entrega de documentos que comprovem os alegados prejuízos.
Açúcar - O processo que está em estágio mais avançado é o que pretende contestar a UE pelos subsídios ao açúcar. Nesse caso, não será preciso demonstrar dano ao Brasil. A questão é mostrar que "Bruxelas faz caridade com chapéu alheio", explica a fonte do governo. A UE afirma dar ajuda às suas ex-colônias - países pobres da África e Índia - comprando açúcar em bruto sem a aplicação de tarifas. Mas esse açúcar é refinado dentro da Europa e despejado no mercado internacional. O governo brasileiro calcula que Bruxelas concede, assim, subsídios à exportação de 1,6 milhão de toneladas de açúcar ao ano. Se esses valores forem contabilizados, Brasília constatou que a UE desrespeitou seu compromisso de reduzir gradualmente os subsídios. O setor sucroalcooleiro afirma que, apesar do enfraquecimento da postura do governo, não trabalha com a hipótese de paralisação o processo.(Fonte: Valor Econômico)