POUPANÇA II: Mudança foi feita de maneira habilidosa, diz Belluzzo
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"A mudança na remuneração da caderneta de poupança foi feita de maneira habilidosa e é compatível com a queda dos juros", avaliou nesta sexta-feira (04/05) Luiz Gonzaga Belluzzo, diretor da Faculdade de Campinas (Facamp) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.Em sua visão, a antiga forma de remuneração da poupança era um resquício do período de hiperinflação e, portanto, precisava ser alterada."Estamos caminhando na direção de uma economia normal", disse, antes de palestrar em evento sobre os rumos da economia, organizado pela Revista Brasileiros, em São Paulo.
Ganho - Segundo Belluzzo, que já foi professor da presidente Dilma Rousseff na Universidade de Campinas (Unicamp), com a nova regra, investidores apenas "vão deixar de ganhar o que não deveriam ganhar" na poupança, que, em sua origem, era um depósito a prazo remunerado, e não à vista, como acabou se tornando.
Novo sistema - Pelo novo sistema, anunciado nessa quinta, a caderneta passa a ser remunerada em 70% da taxa Selic quando esta for inferior a 8,5% ao ano, e pelo sistema atual, quando for superior. Nada muda para as contas já existentes. A alteração, acrescentou Belluzzo, vai ao encontro do processo de estabilização da economia, que está se completando no governo Dilma.
Necessária - Também um dos palestrantes do evento, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, avaliou que a mudança nas regras da poupança era necessária, porque permite a queda da taxa de juros e abre espaço para um crescimento maior do país, com maior geração de empregos e investimentos alocados não no setor financeiro, mas no produtivo. "O Brasil será favorecido com essa medida", afirmou.
Meta plausível - Perguntado sobre se o objetivo de Dilma, de trazer o juro real a 2%, é compatível, Pochmann disse que essa é uma meta plausível. "Se 2% de juro é compatível em outros países, porque não no Brasil? Não somos uma jabuticaba.” (Valor Econômico)