PLANEJAMENTO: Apesar de cortes, Miriam diz que gasto não deve ser satanizado
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Um pé no freio e outro no acelerador. É assim que a nova ministra do Planejamento, Miriam Belchior, pretende conduzir a pasta em que terá de conciliar dois objetivos aparentemente contraditórios: segurar os gastos para equilibrar o Orçamento e garantir a continuidade dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Vou ter de trabalhar com os dois pés", afirmou, logo após receber o cargo de seu antecessor, Paulo Bernardo. Essa linha de trabalho dupla ficou clara em seu discurso. Por um lado, ela avisou especificamente à imprensa que vai trabalhar em sintonia com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, na "consolidação fiscal", ou seja, no controle de gastos. Com isso, tentou afastar qualquer rumor de divergência na equipe econômica e reafirmou a intenção de conter as despesas de forma a abrir espaço para a queda futura dos juros.
Gastos de custeio - Por outro, ela saiu em defesa dos gastos de custeio, cuja expansão nos oito anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva é condenada por especialistas. "Acredito que os gastos de custeio não podem ser simplesmente satanizados", disse. O programa Bolsa Família, o atendimento à saúde e a manutenção de rodovias são classificados como custeio. A ministra afirmou que o governo não abrirá mão de prestar serviços à população. "Tenho a convicção, no entanto, de que isso pode ser feito com maior eficiência", completou, afinada com a diretriz da presidente Dilma Rousseff de buscar maior qualidade no gasto público. A ministra confirmou que o Orçamento de 2011 será contingenciado, ou seja, terá parte de suas despesas bloqueadas para equilibrar as contas. "As receitas estão superiores ao que acreditamos que vai acontecer", justificou. O valor, porém, ainda será discutido com a presidente Dilma.
Emoção - Apontada pelos colegas como "durona", Miriam se emocionou e chorou várias vezes ontem, no discurso de posse como ministra do Planejamento. A primeira, quando mencionou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, ao final do discurso, quando fez uma homenagem ao ex-marido Celso Daniel, ex-prefeito de São André assassinado em 2002. Miriam citou Celso Daniel e disse que, se ele estivesse vivo, talvez ocupasse o cargo que ela assumia naquele momento. (Gazeta do Povo)