PESQUISA: Sob críticas, Arraes deixa presidência da Embrapa
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Na presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desde julho de 2009, o pesquisador carioca Pedro Arraes será exonerado "a pedido" do cargo. A medida deve ser publicada nesta terça-feira (02/10) no Diário Oficial da União. O Valor apurou, porém, que a saída de Arraes foi determinada pelo governo federal após críticas à sua gestão, sobretudo em relação aos investimentos da Embrapa Internacional. Após a exoneração, será aberta uma sindicância interna para investigar os programas e projetos da área.
Decisão - A decisão pela exoneração foi tomada na quinta-feira (27/09), após uma reunião entre Pedro Arraes, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro e o secretário-executivo da Pasta, José Carlos Vaz. O comando da Embrapa será assumido, interinamente, pela diretora-executiva de Administração e Finanças, Vania Beatriz Castiglioni, que é capixaba e está na estatal desde 1989.
Disputa - Fontes afirmam que há uma disputa de grupos por mais poder dentro da estatal e que Arraes acabou no meio do fogo cruzado. Após a paralisação dos cientistas, em junho, o ex-presidente foi criticado por não negociar com os grevistas e perdeu mais prestígio junto aos servidores.
Autarquia especial - No governo, Arraes teria perdido força ao se negar a conversar sobre a transformação da empresa em autarquia especial e diante de suas dificuldades em tornar mais transparentes as finanças e investimentos da estatal. O suposto isolamento da estatal em virtude da visão estratégica, considerada por servidores como "inapropriada", a falta de renovação de pessoal e de verbas para pesquisas também foram colocados na conta de Arraes.
Perda de mercado - A estatal perdeu mercado com o avanço das pesquisas com organismos geneticamente modificados (OGMs). Desde 2005, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), responsável por liberar a pesquisa e a comercialização de transgênicos no país, deu sinal verde para a venda de 33 variedades transgênicas no mercado - 14 delas apenas em 2010 e 2011, sendo sete de milho, três de algodão, três de soja e uma de feijão. A Embrapa responde somente por duas liberações - uma de soja (em parceria com a Basf) e uma de feijão, que ainda não chegaram no mercado. A estatal prevê que a soja estará disponível para o produtor em 2013 e o feijão, em 2014. (Valor Econômico)