PECUÁRIA: Tendência é de valorização da arroba bovina
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Depois de um longo período de queda de preços, já é possível afirmar que o mercado da carne bovina está em recuperação. Somente no primeiro trimestre do ano o preço da arroba teve uma valorização de 12% a 13%, comparando com o mesmo período do ano passado. Além disso, a projeção é que no segundo semestre a cotação siga em escala ascendente. ''Os produtores irão recuperar preço, não rentabilidade. Mas o cenário atual é muito melhor do que o do ano passado'', salientou Alcides de Moura Torres Júnior, sócio-proprietário da Scot Consultoria, empresa privada de análises do agronegócio. O assunto foi abordado ontem durante o 8º Seminário de Pecuária de Corte, realizado durante a 47ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. A recuperação de preços no segundo semestre, deverá vir não só porque o período é de entressafra. Outras duas variáveis que devem ser consideradas. A primeira vem da redução das áreas de pastagens que, nos últimos anos, perdeu espaço principalmente para a soja e a cana-de-açúcar. A segunda é consequência do próprio mercado, que registrou três anos de preços baixos. A baixa cotação levou a um maior abate de fêmeas, reduzindo a oferta de bezerros. ''Menor oferta de bezerro leva a um aumento do preço da arroba do boi gordo'', afirmou Torres.
Redução de custos - Em um segundo momento a ampliação da agricultura sobre a pecuária irá favorecer a produção bovina. ''Os subprodutos da agricultura irão para o consumo pecuário e isso vai contribuir para a redução de custos, o que contribuirá para o aumento da rentabilidade'', disse o consultor. Além disso, há uma projeção de crescimento do consumo interno de carne bovina a partir do próprio aumento vegetativo da população. Uma análise otimista aponta para um incremento no consumo de até 15%, enquanto uma projeção pessimista reduz o índice para 2% ou 3%. ''O importante é que já há o hábito de consumo de carne bovina no Brasil e há espaço para muito crescimento'', observou Torres.
Venda a termo - Segundo o consultor, os produtores devem ter cuidado com a venda a termo de gado, proposta que vem ganhando força entre os frigoríficos. Nesta modalidade, as indústrias fazem uma opção de compra antecipada do rebanho, enquanto os pecuaristas fazem o seguro de venda. ''Só que desta forma os frigoríficos sabem qual será o seu estoque e, por isso, o preço da arroba não sobe'', explicou. Na avaliação de Torres, o mercado futuro, através da Bolsa de Mercadorias e Futuros, é que deve ser utilizado. Aliás, segundo ele, o mercado futuro é uma ferramenta que os pecuaristas terão que se acostumar, assim como os agricultores tiveram que aderir ao uso do adubo e de herbicidas. ''O grau de desconfiança e de ignorância com o mercado deve ser superado pela sua necessidade'', frisou.
Qualidade - Mas a produção pecuária brasileira deve estar focada na qualidade. Para o professor de Comportamento e Bem-estar Animal, Mateus Paranhos, da Unesp, toda a cadeia produtiva da carne comete erros básicos que acabam por comprometer a qualidade. ''Há um desconhecido sobre o comportamento dos animais e não é feito o manejo adequado. É preciso entender que todo o processo (de criação ao abate) envolve outro ser vivo'', observou. (Folha de Londrina)