PECUÁRIA: Lista extensa de exportadores de carne irrita UE

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

O Brasil entregou à União Européia uma lista de fazendas autorizadas a exportar carne quase nove vezes maior que Bruxelas esperava receber e irritou os negociadores europeus. Ontem, a Comissária de Agricultura da UE, Marianne Fischer Boel, apelou para que ''o Brasil atue de maneira justa'' no comércio e garantiu que apenas 3% das fazendas brasileiras poderão vender carne à Europa. A lista do governo tem mais de 2,6 mil fazendas credenciadas. ''Isso é bem maior do que havíamos dito'', revelou ao Grupo Estado uma funcionária próxima à cúpula da Comissão Européia. Fischer Boel não nega que, se o atual sistema de certificação de fazendas não funcionar, um embargo total poderá ser aplicado.

Limite é de 300 fazendas - No fim do ano passado, Bruxelas anunciou que estava impondo novos limites às exportações brasileiras por questões sanitárias. Os europeus estabeleceram várias normas e anunciaram que apenas dariam o sinal verde a 300 fazendas. O governo brasileiro passou a verificar cada uma das fazendas e, pelos critérios exigidos pelos europeus, certificou mais de 2,6 mil propriedades.

Igualdade - A avaliação do governo é que, se todas cumprem os requisitos, não caberia ao Ministério da Agricultura selecionar apenas 3% delas. ''Como faríamos para selecionar uma fazenda e não a outra se essas estão em condições de igualdade?'', questionou um funcionário do ministério em Brasília. Em Bruxelas, os europeus não escondiam a irritação com a atitude brasileira. Primeiro por causa do número de fazendas, considerado exagerado. Outra confusão foi a entrega de listas, feita por cada um dos Estados. A própria missão diplomática do Brasil junto à UE confessou que não tinha como somar as listas. Com a atitude, o governo jogou de volta aos europeus o problema.

Publicação - Amanhã, Bruxelas deverá publicar em seu diário oficial a lista da propriedades brasileiras autorizadas a exportar. Não se exclui ainda que a lista possa ser ampliada, mas apenas depois de uma visita dos inspetores europeus. Segunda-feira, falando aos fazendeiros irlandeses, a comissária de Agricultura da UE (uma espécie de superministra para os 27 países do bloco) insistiu que estava tomando as iniciativas adequadas para garantir a qualidade da carne brasileira.

Padrão europeu - ''Se eles (brasileiros) querem exportar para nós, precisam atender a um padrão. Esse padrão é o que os europeus demandam'', disse Fischer Boel. Os irlandeses, produtores que mais sofrem com a concorrência da carne nacional, pedem um embargo total do produto brasileiro e também protestaram contra o tamanho da lista brasileira. Fischer Boel alertou aos irlandeses que a Europa também precisa ser ''justa'', e a resposta de Bruxelas ao problema precisa ser ''proporcional''. ''Não podemos impor um embargo total à carne brasileira, salvo se essa for a única solução viável.''

Rigidez - Segundo ela, a limitação em 3% das fazendas brasileiras cumpre a questão da ''proporcionalidade''. Segundo ela, a nova regra é rígida com o Brasil. ''Esperamos que, das 10 mil propriedade que hoje podem exportar para nós, apenas 3% - cerca de 300 - consigam entrar na lista inicial de fazendas autorizadas a exportar.'' (AE)

Conteúdos Relacionados