OPINIÃO: A semente crioula e a fome

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* Irineo da Costa Rodrigues

Conceitos e opiniões expressam teses que, num país democrático, são importantes na medida que levantam as discussões, enriquecem o conhecimento e clareiam caminhos. Seguidamente ouvimos conceitos, recebemos mensagens, analisamos teses e temos dificuldade de encontrar fundamento racional em tais pensamentos, talvez baseados em ideologias ultrapassadas, para não conceituar como falidas.

O que nos deixa mais estarrecido é que estes "pensadores" normalmente não defendem suas ideias, mas rotulam outros pensamentos, entidades e pessoas com pensamentos inventados, confundindo pessoas ingênuas, que, embarcando em conceitos inviáveis, comprometem o seu negócio. No dia a dia e nos últimos anos, temos assistido a pregações e iniciativas, normalmente patrocinados com dinheiro público, que não se perpetuam, não passam de modismo, cópia de programas falidos em outros regimes e que tanta perda de tempo tem causado.

Nosso país tem se destacado, nas últimas duas décadas principalmente, gerando superávit na balança comercial, devido à tecnologia e à iniciativa privada. Apesar do governo, a agricultura moderna tem impressionado países mais competitivos, mesmo perdendo competitividade quando saímos da porteira. Imaginem se o governo fizesse a sua parte.

O que mais impressiona é que toda a riqueza gerada pela moderna agricultura irriga os cofres públicos e são usados para financiar os conceitos atrasados, ONG's inimigas de nosso país e fortalecem estruturas públicas que, ao invés de remar a favor, criam dificuldades e quase sempre tentam vender facilidades.

Seguidamente assistimos a divulgação de "teses isoladas" a favor da semente crioula, agricultura orgânica ou agroecologia que, isoladamente, faliriam nosso país, os agricultores e ampliariam a fome no país e no mundo.

Quem defende estas teses tem o olhar para o passado. É como se fosse um motorista que, ao dirigir olhando pelo retrovisor, certamente iria trombar como sempre trombam. Mas também são pessoas que tem a vida ganha. Invariavelmente ganham do erário público, irrigado pelos agricultores brasileiros, e não precisam pagar a conta de seus atos, porque nós contribuintes já pagamos.

A agricultura orgânica, o turismo rural e todos estes conceitos passados serão vitoriosos, quando profissionalmente abordados e houver poder aquisitivo para pagar, uma vez que se constituem nichos de mercado.

Os adeptos, os conquistados e os sobreviventes destes conceitos só sobrevivem porque o erário público paga o improviso, socializado entre os modernos agricultores brasileiros. Há um contingente de pessoas que não quer suar a camisa e tem nestes programas uma bolsa família disfarçada, mas que estão sendo iludidos ou tem vocação para a preguiça, que por avançar devagar será alcançada pela pobreza.

Os dias atuais estão nos deixando uma lição. A queda do governo do Egito, da Tunísia e de outros foi turbinada pela fome, devido a uma falta de planejamento. Há prognóstico de que a fome mundial não vai diminuir e se ampliada vai gerar desestabilização, ameaçando a governabilidade. Guardadas as proporções vivemos este fenômeno em nosso país, com a inflação dos alimentos, devido a falta de profissionalismo de quem deveria ter o dever de ter políticas adequadas.

Uma notícia recente nos animou. O centro de pesquisa da  Syngenta em Santa Tereza do Oeste, que havia sido invadida pelo MST e desapropriada pelo governo do Estado por também pesquisar sementes transgênicas, e que seria usado para implantar um centro de agroecologia, agora o próprio IAPAR declara que vai redirecionar, inclusive para pesquisas com transgênicos. Parece uma ironia? Não, a inteligência venceu a ignorância, a demagogia, o populismo e a irresponsabilidade.

*Irineo da Costa Rodrigues é engenheiro agrônomo, presidente das cooperativas Lar e Coodetec

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