OCEPAR 53 ANOS: Minha história particular se confunde com o cooperativismo e com a Ocepar, afirma Wilson Thiesen
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A diretoria executiva do Sistema Ocepar reuniu os funcionários para celebrar o aniversário da Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), no final da tarde dessa terça-feira (02/04), na sede da entidade, em Curitiba. “Hoje é um dia muito importante para todos nós. Estamos celebrando os 53 anos de fundação da Ocepar. Gostaríamos de ter reunido os quatro ex-presidentes aqui, Guntof van Kaick, Dick de Geus, Wilson Thiesen e João Paulo Koslovski, como fizemos na reunião da diretoria da Ocepar ocorrida em dezembro. Não foi possível mas estamos aqui com o Thiesen, que ajudou a organizar e esteve presente na Assembleia Geral de constituição da Ocepar, realizada em 2 de abril de 1971. Para nós, é uma alegria muito grande pois representa uma oportunidade dele nos contar um pouco da história da nossa organização”, disse o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.
História - Thiesen foi presidente da Ocepar por duas gestões, a primeira de 1987 a 1989. Reeleito em 1990, deixou o cargo para assumir a presidência da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e foi substituído por Ignácio Aloysio Donel. Nessa terça-feira, ele compartilhou alguns momentos de sua longa trajetória pelo cooperativismo, incluindo algumas curiosidades. “A minha história particular se confunde com o cooperativismo e com a Ocepar. Comecei no cooperativismo basicamente em 1º de março de 1968. Eu estava no terceiro ano da Escola de Agronomia e fui procurar emprego porque tinha terminado minhas economias. Consegui uma vaga numa entidade que só funcionava em meio expediente. Chamava-se Inda – Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário. Era o órgão responsável pelo cooperativismo”, relatou.
Primeiro chefe - No Inda, trabalhou inicialmente na função de datilógrafo e teve como primeiro chefe Albino Gavlak, pai de Maria Renilda Gavlak Barbosa, funcionária da Ocepar desde 1975. “O senhor Albino e a mãe da Renilda, Cecília, trabalhavam no Inda e a Renilda ia lá com os irmãos dela”, lembrou Thiesen. “A gente ia ajudar a fazer apostilas sobre cooperativismo”, acrescentou Renilda. E Thiesen complementou: “Nós deslocávamos um caminhão FNM que vinha do Rio de Janeiro para fazermos apostilas para os professores leigos. Eu datilografei mais de dois mil estêncils, passados depois no mimeógrafo, com a ajuda do Tadeu [Duda]”. Tadeu Duda é outro funcionário da Ocepar que ainda trabalha na entidade, atualmente como auditor interno.
Primeiro Curso de Cooperativismo - Thiesen disse ainda que o primeiro Curso de Cooperativismo realizado no Paraná ocorreu no período de 20 a 31 de outubro de 1969. “Nessa época não havia professores de cooperativismo no Estado. Portanto, vieram os professores do Departamento de Acesso ao Cooperativismo (DAC), de São Paulo, Paulo Godoi e Maria Henriqueta. Nesse curso, eu faço questão de comentar, participou o pessoal da Acarpa (Associação de Crédito e Extensão Rural do Paraná, hoje Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR Paraná), entre eles o Gallassini [José Aroldo Gallassini], que era técnico da Acarpa e hoje é presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Coamo. E eu me lembro muito bem quando o Gallassini disse que a Coamo estava projetando construir o primeiro armazém sementeiro para 100 mil sacas de grãos. E o Paulo Godoi comentou: ‘que guri arrojado!’.
Atuação - No Inda, Thiesen também atuou como redator-chefe do boletim informativo Inda Cooperativo e depois assumiu o Departamento de Cooperativismo, Sindicalismo Rural e Extensão Rural. “Esse órgão trabalhava em desenvolvimento agrário e se fundiu com o Ibra, Instituto Brasileiro de Reforma Agrária. Daí, foi constituído o Incra, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, de onde saí como coordenador.”
PICs - Ele lembra que em 1970 foi realizado o primeiro levantamento sobre as cooperativas do Paraná. “Foi o começo dos PICs (Projetos de Integração do Cooperativismo). Teve início com o Projeto Iguaçu e nós começamos a constituir as cooperativas. E, nessa época, eu, como chefe do setor de Cooperativismo, Sindicalismo e Extensão Rural, fiquei responsável por coordenar alguns desses projetos”, afirmou.
Entidade de representação - Ele disse que, paralelamente à mobilização voltada ao desenvolvimento do cooperativismo no Paraná, já havia a preocupação em organizar o segmento por meio de uma entidade representativa. “As cooperativas precisavam de um órgão de representação política forte. À entidade que tem a ação econômica não cabe fazer a ação política, pois há um conflito de interesses. Porque poderia sofrer represálias inclusive. E esse foi o motivo da constituição da Ocepar.” De acordo com Thiesen, a necessidade de integração entre as cooperativas e da constituição da Ocepar também era divulgada por meio do boletim Inda Cooperativo. “Felizmente isso motivou muito as lideranças e, no dia 2 de abril de 1971, nós reunimos 34 cooperativas, e basicamente estiveram presentes todas as ue faziam parte do Projeto Iguaçu, 13, e eu ajudei a coordenar, junto com o Tadeu, a Assembleia Geral Ordinária de constituição da Ocepar. Foi um momento muito marcante. A reunião foi realizada na avenida Marechal Floriano, na sede da Agromate, uma grande cooperativa central de mate”, rememorou.
Inauguração - Em 17 de março de 1975, Thiesen foi contratado como diretor-executivo da Ocepar. “O Tadeu era gerente administrativo”, informou. Ele destacou ainda um outro fato inusitado ocorrido na inauguração da sede da Ocepar, no mesmo local onde a entidade funciona hoje. “Aqui era uma casa antiga, que nós reformamos. Nesse dia, tivemos uma surpresa muito grande. O ministro da Agricultura, na época Alysson Paulineli, confirmou que estaria na inauguração. Ele veio com o presidente da OCB na época, o Toninho Rodrigues, pai do ex-ministro da Agricultura e cooperativista Roberto Rodrigues. E o governador era o Jaime Canet. Nós estávamos em plena reforma e eu me lembro que, junto com o Tadeu, ficamos preocupados porque o reboco estava muito recente e não tinha secado ainda. Deixamos as luzes acesas à noite para secar o reboco e ficamos torcendo para que nenhuma autoridade quisesse utilizar o banheiro”, relatou.
Localização - E não foi por acaso que a sede da Ocepar foi construída no Centro Cívico, perto do Palácio Iguaçu, sede do governo estadual. “Antes de vir para cá, a Ocepar funcionava na rua Buenos Aires. O Eloy Gomes, da Cetrin, do Banco do Brasil, disse que nos ajudaria a comprar um imóvel, mas precisava ser na rua do Palácio do Governo. Por isso, foi comprada essa primeira casa. Eu acho que sou uma história viva de tudo isso e, cada vez que deixo meu carro no estacionamento, me lembro de quando eu vinha para cá num ‘Volkszinho 62’ e hoje eu vejo tanto carro e tanta gente. E nós nem podíamos imaginar naquela época o que seria isso aqui.”
EUA - Thiesen contou ainda que, em 1972, ganhou uma bolsa para fazer um curso nos Estados Unidos, quando conheceu um pouco do cooperativismo praticado naquele país. “E, quando eu contava o que eu tinha visto lá, um amigo dizia que voltei dos EUA mentiroso. Eu sempre conto isso porque hoje nós somos exemplo para as cooperativas americanas pelo que foi feito no Paraná. E isso se deve a centenas e milhares de pessoas, como vocês, que colaboram com o desenvolvimento do setor. Tenho mais de 55 anos de história no cooperativismo e fiz milhares de amigos. Então, eu fico muito agradecido de estar aqui presente. Para mim, é uma honra e eu agradeço a Deus por essa oportunidade de estar na comemoração dos 53 anos da Ocepar. Obrigado, presidente Ricken”, finalizou.