O FUTURO DO LEITE NO BRASIL

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A diferença é de prazo. Alguns acham que será em cinco anos, enquanto outros acreditam que levará menos tempo. Todos concordam, porém, que o número de produtores de leite no país deverá cair de um universo estimado entre 1,2 milhão e 1,4 milhão atualmente (incluídos os pecuaristas profissionais e os informais) para algo próximo de 400 mil. "Não é a incompetência que faz muitos desistirem, mas sim a contingência dos negócios", diz Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, em matéria publicada pelo site da Agrofolha. Até o final deste ano, o governo deverá regulamentar as normas de produção de lácteos, cujo objetivo é modernizar as regras do setor. Elas tornarão obrigatório, por exemplo, o resfriamento do leite na fazenda e o transporte a granel. "Haverá diferenciação também entre os que produzem um leite de boa e de má qualidade. Os primeiros serão melhor remunerados pela indústria", diz Rubez.

Informalidade - Os últimos números sobre o setor datam de 1995/1996. São de um levantamento feito pelo IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - e mostram que havia 1,8 milhão de produtores no país, sendo que 818 mil eram fiscalizados pelo SIF - Serviço de Inspeção Federal. Ou seja, a maioria das fazendas produzia leite para subsistência ou vendia informalmente o produto. Especialista do mercado de lácteos e professor da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, Sebastião Teixeira Gomes concorda com Rubez. "Fazer previsão neste país é uma temeridade, pois o cenário muda rapidamente. Mas também acho que em alguns anos só 400 mil produtores estarão entregando leite de forma regular. O restante vai desistir." Gomes entende que a produção está se voltando para o consumidor, hoje muito mais exigente. Nesse cenário, o produtor investe em genética, como transferência de embrião e inseminação artificial, em conjunto com a melhora da alimentação do gado, visando aumentar a produtividade para se manter competitivo. "A atividade vai abrigar apenas os que prepararam o rebanho para a produção de leite de boa qualidade", diz Gomes. As indústrias também acreditam que somente um número próximo de 400 mil produtores deva permanecer na atividade. Elas entendem que o setor vive um momento que pode ser traduzido como um divisor de águas. Quem produzir leite de boa qualidade será melhor remunerado, enquanto o informal não terá a quem entregar o produto, pois as queijarias também não irão mais aceitá-lo.

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