MOINHO DO PR ADICIONA FARINHA DE MANDIOCA AO TRIGO

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O moinho paranaense Agrícola Horizonte, de Marechal Cândido Rondon lançou, há dez meses, uma farinha utilizada na panificação com 80% de trigo e 20% de fécula de mandioca. A farinha Horizonte Mix já representa 10% do total das vendas da empresa. Destinado à produção do pão francês, o produto já é vendido a 200 panificadoras do Oeste paranaense. "Ele não perde em qualidade e tem um custo entre 7% e 8% menor que a farinha de trigo pura", diz Osvino Ricardi, dono do moinho. Mensalmente, a indústria fabrica 200 toneladas do mix para panificação, que representam 10% da produção de seu moinho. Utiliza no processo 40 toneladas de amido de mandioca, 1,3% da produção de suas duas fecularias, que atinge 3,12 mil toneladas mensais. As vendas do mix, feitas diretamente às panificadoras, já somam R$ 200 mil mensais. No ano passado, o faturamento da Agrícola Horizonte atingiu R$ 70 milhões.

Percentual da mistura - Segundo Ricardi, a adição de amido de mandioca à farinha de trigo para a produção de pães pode chegar a até 20%, sem a perda de qualidade do produto final. Na matéria-prima de biscoitos, a participação chega a 30% e, na de massas de pizzas, a até 40%. Na indústria de massas, a adição já é uma prática comum. Ricardi se diz favorável à aprovação do projeto de lei do deputado federal Aldo Rebelo (PcdoB-SP), que prevê a adição de 10% de amido de mandioca em toda a farinha de trigo produzida no Brasil. "Desde que os moinhos invistam em máquinas para fazer a mistura certa para cada tipo de trigo e cada finalidade de farinha, não haverá problemas", afirma. Ele calcula que o investimento necessário para a adaptação, caso a lei seja aprovada, deverá variar entre R$ 50 mil e R$ 200 mil, dependendo do porte do moinho.

Posição contrária - A opinião de Ricardi é uma raridade no setor moageiro. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) é frontalmente contrária à aprovação da lei. Os principais argumentos do setor são de que a adaptação exigiria investimentos altos e o produto final perderia qualidade e valor nutricional, já que o amido de mandioca tem metade do teor de proteína do trigo. "Não somos contra a mistura, mas sim contra a obrigatoriedade de fazê-la", diz o vice-presidente da Abitrigo, Mário Venturelli. "O consumidor deve ter a liberdade da escolha." Na opinião de Venturelli, a mistura pode ser viável para massas e biscoitos, mas não para os pães. "O glúten, que é a proteína do trigo, é o que dá a crocância. A fécula só tem amido. Há produtos que exigem fécula de mandioca e milho e outros não. Só é possível adicionar mandioca em pães mistos", diz Venturelli. A possibilidade da mistura foi autorizada em 1989, por uma portaria interministerial (dos ministérios da Saúde e da Agricultura). Agora, o deputado paulista tenta tornar essa prática obrigatória.(Fonte: Gazeta Mercantil)

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