LEITE PASTEURIZADO X UHT: DEBATE CHEGA AOS JORNAIS
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"A briga pelo mercado levanta questões sobre a qualidade do leite vendido ao consumidor, independentemente do processo de produção". Assim, o jornal Folha de São Paulo de hoje abre uma ampla reportagem que apresenta uma análise de técnicos sobre a qualidade do leite pasteurizado e longa vida. "O principal argumento das associações dos produtores de leite pasteurizado é que o leite longa vida, em seu processo de industrialização, perde valor nutricional.", afirma o jornal. A ultrapasteurização, processo de produção do longa vida, diminui o valor nutricional do produto, que perde grande parte das vitaminas C e B6 e é privado dos lactobacilos, microrganismos importantes para o bom funcionamento da flora intestinal. Ayrton Vialta, diretor do Centro de Tecnologia em Laticínios do Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos), diz que, de fato, o processo de ultrapasteurização reduz o valor nutricional do leite, que perde, ainda, algumas vitaminas e nutrientes.
A defesa do longa vida - O contra-argumento utilizado pela indústria de leite longa vida, nas palavras da veterinária e gerente de informação ao consumidor da ABLV (Associação Brasileira de Leite Longa Vida), Daniela Rodrigues Alves, é que essas perdas não são relevantes. Segundo ela, a perda de vitaminas e lactobacilos causada pelo processo de ultrapasteurização não é significativa, pois o leite não é considerado fonte primordial desses nutrientes. "O leite é considerado fonte de outras coisas, como cálcio e proteínas. A perda de vitaminas e lactobacilos não é importante", diz ela. Ou seja, mesmo que esses componentes sejam perdidos no processo, isso não alteraria o valor nutricional real do longa vida.
Opinião técnica - O jornal Folha de São Paulo traz a opinião do professor José Alberto Bastos Portugal, do ILCT (Instituto de Laticínios Cândido Tostes), em Juiz de Fora (MG), que reconhece o processo térmico como menos agressivo na pasteurização, permitindo conservar a maior parte dos nutrientes naturais. "O leite pasteurizado, pelas características do processo ao qual é submetido, tem realmente mais nutrientes que o longa vida", diz Portugal. "Isso, porém, não significa que ele seja nutricionalmente melhor que o UHT. Na verdade, um é tão bom quanto o outro". A própria FAO considera os leites equivalentes, indicando que as diferenças são pequenas. De forma geral os técnicos admitem que o leite pasteurizado tem valor alimentício maior que o pasteurizado. No entanto, a população tem preferido o leite UHT pela praticidade, pois dispensa refrigeração, permitindo armazenar maior quantidade. O gráfico seguinte mostra que em todo o mundo o consumo do leite UHT está avançando, pela sua praticidade de transporte e armazenagem. Vale observar o insignificante consumo de leite UHT do Canadá, onde o leite pasteurizado dura cerca de 15 dias nos supermercados em função de sua qualidade.
Gráfico