INSUMOS II: Fragilidade na fronteira incentiva produto ilegal
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Ao mesmo tempo em que as importações oficiais de defensivos crescem de forma acelerada, em ritmo semelhante produtos irregulares cruzam a fronteira para o lado brasileiro. Estimativas do Sindicato Nacional da Carreira Auditoria da Receita Federal (Sindireceita) indicam que aproximadamente 30% dos defensivos usados no Brasil têm uma origem desconhecida.
Volume - "As apreensões de agrotóxicos irregulares aumentam a cada ano porque o volume que está entrando no país também é cada vez maior", afirma Sérgio de Castro, diretor do Sindireceita. Segundo ele, existe uma indústria organizada atuando nesse mercado, usando inteligência para identificar com antecedência as "batidas" da Receita Federal e a localização dos postos. A organização tem conhecimento até das formas de operação do órgão federal, diz Castro.
Modernização - Em sua avaliação, seriam necessários pelo menos R$ 200 milhões anuais por ano para conseguir modernizar e aparelhar os postos de fiscalização da Receita em toda a região de fronteira. Estudo feito pelo Sindireceita no ano passado e entregue à direção da Receita Federal, Congresso e Casa Civil, mostra que existem 596 funcionários distribuídos em 31 postos para fiscalizar 16,8 mil quilômetros de fronteira seca do Brasil. Na prática, se cada um desses funcionários trabalhasse 24 horas por dia, teria que cobrir sozinho uma área de quase 30 quilômetros de fronteira.
Novas tecnologias - Além do aumento do efetivo de servidores, o estudo do Sindireceita indica a necessidade da adoção de novas tecnologias, como a instalação de scanners semelhantes aos existentes nos aeroportos. O treinamento e capacitação dos fiscais é outro ponto apontado como essencial para melhoria na fiscalização nas fronteiras."Entregamos o estudo para todas as autoridades competentes em dezembro passado. Até agora não tivemos resposta ou parecer de nenhum deles. Parece que tudo está funcionando perfeitamente bem em nossas fronteiras. Talvez fique assim até acontecer uma tragédia", afirma Castro. (Valor Econômico)