Impasse em Cancún: Brasil pode se ausentar

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O ex-ministro da Agricultura e atual presidente do conselho da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Marcus Vinicius Pratini de Morais, recomendou que o Brasil se retire da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, se a pauta não incluir a abertura de mercados aos produtos agrícolas. Para ele, a proposta apresentada por Estados Unidos e União Européia sobre a redução de subsídios à agricultura não atende aos interesses do país. Em sua opinião, com a situação de "relativa recessão mundial" é improvável que ocorram grandes avanços nas negociações comerciais multilaterais, pois as nações tendem a adotar posições muito mais defensivas do que de abertura. Pratini disse ainda que, diante da falta de perspectivas de acordos multilaterais, o Brasil deve buscar negociações bilaterais. O ex-ministro ressalvou que uma estratégia não elimina a outra e considerou "correta" e "firme" a ação do governo tanto nos entendimentos país a país quanto em relação à Alca, à União Européia, ao Mercosul e à OMC.

Impasse - "Ou se avança na agricultura ou não se avança em nada", diz o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, que vê o impasse em relação às três propostas de negociação apresentadas até agora como há um sinal de que não haverá um acordo agrícola, prejudicando também os demais temas. "Há uma perigosa sombra sobre Cancún", afirmou, referindo-se às rejeições dos países membros da entidade aos documentos apresentados pelos Estados Unidos e União Européia, Brasil e pelo presidente do conselho da OMC, o uruguaio Carlos Perez de Castillo. Até a semana passada, Rodrigues tinha expectativa de que a proposta do Brasil viesse a balizar as negociações em Cancún. O texto brasileiro, apoiado por outros 18 países - entre eles a África do Sul, Argentina, China, Índia e México - era uma alternativa ao acordo entre os EUA-UE, que exclui das discussões o acesso a mercados, os subsídios às exportações e os apoios internos aos agricultores. Para os países exportadores agrícolas, essas questões devem entrar nas negociações. Para Rodrigues, o fracasso nas negociações da OMC pode ter reflexos nos entendimentos para criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e até no acordo Mercosul-União Européia.

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