GRÃOS: Importação chinesa bate recorde

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País mais populoso do mundo, a China importou um volume recorde de grãos em março para atender a sua crescente demanda doméstica por alimentos. Dados alfandegários divulgados por Pequim mostraram que estas compras somaram 1,64 milhão de toneladas no mês passado, um salto de 50% em relação a fevereiro e seis vezes mais que em março de 2011.


Dependência crescente - A China, que não planta grãos transgênicos - ainda que os importe em grande quantidade -, precisa alimentar 20% da população mundial com apenas 8% da área agricultável do mundo. Com o incremento da renda e do consumo de carne, a demanda por grãos aumentou e, com isso, a dependência chinesa em relação às importações cresce gradativamente.


Milho - Grandes importações de milho contribuíram para o crescimento das importações de grãos - incluindo milho, trigo, arroz e cevada, mas excluindo a soja - do país em março, segundo traders. Os dados específicos sobre cada produto deverão ser divulgados no fim deste mês.


Consumo - A China é responsável por cerca de 20% do consumo de milho mundial e por apenas 4% do comércio mundial do produto, mas o brusco aumento das importações de milho do país foi suficiente para deixar o mercado mundial sob forte pressão. Em janeiro e fevereiro, as importações chinesas de milho somaram 1,26 milhão de toneladas, 400 vezes mais do que no mesmo bimestre do ano passado.


Preços internos - Os preços internos do milho na China estão entre os mais altos no mundo, e com isso algumas tradings aproveitaram para importar o produto durante janeiro e fevereiro e lucrar com a arbitragem entre o valor praticado no país e nos Estados Unidos. A "janela de arbitragem", no entanto, agora se fechou e traders acreditam que as importações de milho tendem a arrefecer ao longo dos próximos meses.


Compras - O crescimento geral nas importações de grãos somou-se a uma grande onda de compras de commodities em março pela China. A entrada de petróleo bruto estrangeiro no país, por exemplo, chegou a 5,56 milhões de barris por dia, 6,8% mais que no mesmo mês de 2011 e o terceiro maior volume mensal da história. "Esses números são muito reconfortantes; a China não está se desacelerando muito rapidamente", disse Ian Roper, analista da CLSA baseado em Xangai.


Minério de ferro - As compras do exterior de minério de ferro, vital para a produção de aço, subiram 5,7% em relação a março de 2011 e totalizaram 62,8 milhões de toneladas. A importação de cobre, metal referencial da atividade industrial, continuou próxima a patamares recordes, somando 462,2 mil toneladas em março, alta de 50,5% em relação ao mesmo mês de 2011.


Grãos - Mas, entre todas as commodities, a maior alta anual nas importações foi a dos grãos, que chegou a 500% segundo os números das alfândegas divulgados na terça-feira (10/04). Ma Wenfeng, analista da Beijing Orient Agribusiness, acredita que haverá novos aumentos. Ele projeta importações de 7 milhões de toneladas de milho e de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas de trigo neste ano. "O fator-chave é o preço", disse. "Nesse momento, os preços do milho na China estão incrivelmente altos [...], se a [trading estatal de commodities] Cofco puder ganhar dinheiro, então vai importar".


Fungos e umidade - Outros especialistas ressaltam que fungos e umidade estragaram parte do milho armazenado desde 2011, o que pressionou o mercado doméstico do produto. "A produção [de milho] aumentou significativamente na China, mas a armazenagem segura e protegida não aumentou de forma proporcional", afirmou Daron Hoffman, analista do Rabobank, que tem forte atuação no agronegócio.

Trigo - As importações de trigo também dispararam, em parte graças à demanda pelo produto com alto teor de proteína, usado em pães especiais. A China importou 580 mil toneladas de trigo em janeiro e fevereiro, mais que o triplo do mesmo período de 2011. As importações de grãos pela China em março foram as maiores desde que as alfândegas chinesas começaram a registrar os dados agregados, em 2006. (Financial Times / Valor Econômico)

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