FRUTICULTURA: Uva prepara nova expansão no Paraná
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Da uva fina de Marialva à uva rústica de Campo Largo, os parreirais do Paraná avançam como opção líder em renda na fruticultura. Os viticultores do estado devem arrecadar mais de R$ 150 milhões nesta safra. Com isso, a uva abre vantagem sobre a laranja, que é a segunda colocada e, com área três vezes maior, vem rendendo R$ 120 milhões por safra. As chuvas atrasaram a colheita na região Noroeste, onde fica metade dos parreirais, mas não trouxeram grandes perdas. Os cachos cresceram bem e, nas primeiras remessas, foram vendidos a R$ 4 o quilo, relatam os produtores. O preço caiu a R$ 2 o quilo, mas a renda média deve superar à do ano passado, preveem.
Safra boa - "A safra foi boa e o mercado está correspondendo. Tiramos de 40 a 50 quilos por pé. Teve produtor que colheu 50 toneladas por hectare", conta o viticultor Nilton Bernini Inácio, de Marialva. O volume total da safra paranaense ainda está sendo avaliado pelos técnicos da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab) e das associações dos produtores. A produtividade média do Paraná é de 17,5 toneladas por hectare, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 5,8 mil hectares, colhe-se 100 mil toneladas por ano.
Consumo - Atento ao comportamento do consumo, Bernini Inácio planeja renovar seus 2,5 hectares de vinhas e ampliar a área em 40%. A uva de sua região chega primeiro ao mercado nacional, com boa saída de Curitiba a Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O último salto de produção de uva do Paraná ocorreu há cinco anos. A região Noroeste ampliou os parreirais da casa de 1,3 mil para 1,8 mil hectares há um década. A produtividade cresceu expressivamente nessas áreas logo que as novas videiras atingiram a maturidade, compensando redução no cultivo em outras regiões.
Novos pólos - Ao lado da expansão da uva de mesa - especialidade da região de Marialva -, o estado registra o surgimento de novos polos produtivos dedicados ao vinho, relata o agrônomo da Seab Paulo Andrade, especialista em fruticultura. Em Campo Largo e em Colombo, os produtores investem em parreirais para atender ao interesse de indústrias e de vinícolas artesanais. Andrade avalia que, com o crescimento da produtividade, a área da uva de mesa pode até ser reduzida nos próximos anos. Porém, a tendência é que a uva rústica destinada ao vinho siga sentido inverso. "Caminhamos para 2,1 mil hectares de uva rústica e 3,8 mil hectares de uva fina", cerca de 100 hectares a mais que a área aferida um ano atrás. A expansão deve ser baseada na produtividade.
Tecnologia - Os produtores que estão entrando no setor adotam tecnologia que reduz o risco da proliferação da pérola, praga que ataca as raízes e dizimou os parreirais do estado na década de 70. Usam porta-enxertos menos suscetíveis à pérola. Medidas de precaução contra problemas climáticos também se tornaram comuns. Em Marialva, onde a produtividade média chega a 27 toneladas por hectare - 10 toneladas acima do índice estadual -, mais da metade das parreiras são cobertas com telas antigranizo. Os cachos recebem ainda uma espécie de chapéu, para que os grãos saiam da lavoura intactos.
Mercado fiel aos pequenos - Ponta Grossa não é nenhuma Marialva quando o assunto é uva de mesa. Porém, a preferência do consumidor da região faz os vinicultores insistirem na atividade. A tradição dos parreirais começou com os descendentes de italianos, e se mantém em chácaras ao redor da cidade. A produção da microrregião é de 458 toneladas por ano, com rendimento de apenas 7 toneladas por hectare - 20 toneladas a menos que o índice alcançado no Noroeste do estado -, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). No entanto, não sobra uva na cidade. O ápice da comercialização ocorre na Festa da Uva (Fesusa), que é realizada há 27 anos. O evento começa hoje e vai até domingo no Parque Ambiental Manoel Ribas. (Gazeta do Povo)