FÓRUM II: Para Marcos Jank, cooperativas devem investir em escritório de negócios no exterior para ampliar a presença no mercado mundial
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Ter uma presença física no exterior e investir em produtos e países com potencial para aumentar a representatividade do Brasil no comércio mundial. Esses foram alguns caminhos apontados pelo consultor em agronegócio, Marcos Jank, para que as cooperativas possam acessar novos mercados e ampliar suas vendas externas. Ele participou, na tarde dessa terça-feira (21/11), do Fórum de Mercado promovido pelo Sistema Ocepar, em Curitiba. Jank é engenheiro agrônomo, professor sênior e coordenador do Centro Insper Agro Global, palestrante, comentarista e conselheiro em agronegócio.
Maior oportunidade - “Há algum tempo eu venho falando para as cooperativas do Paraná que a maior oportunidade de mercado para elas é ter, no mínimo, um ou dois escritórios fora do Brasil, que sirvam ao conjunto das cooperativas. Isso não significa que elas devam exportar juntas. O importante é elas agirem em intercooperação e estar lá fora, conversando com os clientes, com os importadores, entender a dinâmica de cada governo, o que está vindo pela frente em termos de opinião pública, em termos de legislação, de geopolítica. Uma presença física no exterior seria superimportante para cooperativismo paranaense, que hoje é gigante. Eu acredito que isso deve ser feito por várias cooperativas e talvez a Ocepar pudesse encabeçar essa iniciativa”, afirmou.
Diversificação da pauta - O Brasil é o terceiro país do mundo em exportações, atrás da União Europeia e dos Estados Unidos, com o complexo soja respondendo por maior parte das vendas. Também tem grande peso nas exportações brasileiras as carnes e produtos florestais, entre outros. Na avaliação de Jank, as cooperativas também podem investir na comercialização de itens em que o país ainda não tem grande participação. “Há muita oportunidade não explorada. Em metade do comércio agrícola mundial em produtos, nós não temos nem 2% do market share e, em muitos, o índice não chega nem a 1%, como por exemplo, pescados e laticínios. Nós somos ridiculamente pequenos nesse mercado, importadores líquidos. Poderíamos ser exportadores líquidos? Sim, podemos. Temos todo potencial para isso. O que falta fazer? As cooperativas estão muito envolvidas com esses setores. Por que somos gigantes hoje em bovinos, suínos e aves e somos importadores líquidos de peixes e leite? Então, são coisas que temos que pensar: frutas, legumes, sucos e produtos processados. Eu também mostrei aos participantes do Fórum que nós somos líderes em vendas para o mercado europeu e chinês, mas estamos em quarto, quinto lugar em vendas para os Estados Unidos e Japão. Então, tem muito espaço a ser conquistado. Mas isso também passa em grande parte por conseguirmos nos organizar melhor”, frisou.
Outras regiões - Além disso, Jank disse que é importante ficar atento a outras partes do mundo que podem se melhor exploradas em termos de exportações. “Eu fiquei impressionado com o estudo que a gente fez, detalhando a nossa presença no mundo e que mostra que há várias regiões em que podemos aumentar a nossa atuação. Eu citei aqui o caso do Sudeste e Sul da Ásia, além do Oriente Médio. São regiões onde não há aquela resistência europeia ao Brasil. Então, a gente tem que se fazer mais presente nessas áreas. E uma coisa muito importante. É preciso levar a nossa história para fora. A nossa história não pode ser contada só pelo nosso governo, só pelo que chega até as pessoas lá pela mídia. Temos que estar lá levando essa história tão bacana, por exemplo, do cooperativismo paranaense. O cooperativismo é sensacional porque ele junta o econômico, o social e o ambiental. Nós estamos falando de uma forma de integração de pequenos produtores, que está funcionando. A nossa imagem também tem que transmitir isso. Não pode ser só grandes máquinas, grandes fazendas. Eu acho que é preciso mostrar mais o que é o cooperativismo paranaense”, acrescentou.
Estratégias - Para ele, esse trabalho relacionado à imagem deve ser realizado juntamente com a abertura de um escritório no exterior. “São duas coisas. Uma é estar representado de forma permanente em regiões importantes para o nosso comércio, atual ou potencial. E, acoplar a isso, um programa de comunicação e imagem. No caso da cultura do algodão foram feitas essas duas ações. Nós ajudamos os representantes da cadeia produtiva do algodão brasileiro a se instalarem na Ásia. E eles construíram uma representação que leva e traz gente, tanto asiáticos para cá como muitos brasileiros do setor para lá. E eles foram visitar as fiações, as indústrias de tecidos e de roupas, as lojas de varejo. Isso foi feito em toda a Ásia, que é o grande cliente do nosso algodão. Paralelamente a esse trabalho físico, também foi realizada uma ação de reputação, de imagem. O grande objetivo era mostrar que o algodão brasileiro é melhor que o americano e o australiano e eles estão conseguindo atingi-lo. Então, eu acredito que as cooperativas podem comprar essa briga também”, finalizou.
FOTOS: Cassiano Rosário