FÓRUM I: Avançam as negociações entre Brasil e Japão para ampliar exportação de proteína animal

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O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, deverá vir ao Brasil no início de 2024 para tratativas com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de avançar nas negociações para ampliar a importação de proteína animal brasileira. A informação foi dada pelo deputado federal Luiz Nishimori, presidente da Frente Parlamentar da Aquicultura e Pesca e vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio no Congresso Nacional, ao participar, nessa quarta-feira (22/11)) do painel Mercado de Proteína Animal, no Fórum de Mercado, promovido pelo Sistema Ocepar, em Curitiba.

Carnes - “A exportação de frango do Brasil para o Japão já está consolidada, mas temos que avançar nas outras proteínas, especialmente carne suína, bovina e, também, o peixe, cuja produção está crescendo muito, principalmente no Paraná”, declarou o parlamentar. “Há mais de quatro anos tenho me dedicado na questão de exportação de carne suína e bovina paranaense para o Japão. Levei o governador Ratinho Junior e o ministro [da Agricultura] Carlos Fávaro para lá, mas a última decisão é da cúpula, do primeiro-ministro Kishida e do presidente Lula”, disse Nishimori.

Cúpula - “Eles têm que se reunir e cada um solicitar o interesse do seu país. O Kishida deve vir no mês de janeiro, como nós solicitamos, para essa conversa de cúpula e, em novembro do ano que vem, o Brasil será o realizador do Encontro do G20 [que reúne os países desenvolvidos e emergentes]. Por isso, a vinda do primeiro-ministro do Japão é muito importante”, reforçou. Ele acrescentou que o governo japonês também tem interesse de vender os produtos do país aqui no Brasil, como faz parte das relações comerciais entre países. “Eu estarei junto com o governo federal tentando vender as nossas carnes, o que é tão importante para o nosso agronegócio”, frisou o deputado.

Ásia - O parlamentar reforçou a necessidade de olhar com muita atenção o mercado asiático. “O maior mercado vai ser na Ásia. Hoje o maior volume de carne que exportamos vai para a China, mas a China muda muito a questão de compra e venda de produtos. Então, estamos focando muito nos mercados do Japão, Coréia do Sul e Indonésia. Se der algum problema na China, podemos substituir por esses três países que, juntos, devem representar o mesmo volume de carne comprada pelo mercado chinês”, explicou Nishimura. Ele destacou também a Índia, que deverá ter a maior população mundial, como mercado potencial para as carnes brasileiras.

Dependência - O painel teve a participação também da coordenadora de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Laiz Foltran, e do vice-presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), Felipe Torquato. O moderador foi João Humberto Teotônio, coordenador de sanidade de suínos da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Ao falar sobre as exportações de carne suína, Foltran informou que a atuação da associação em conjunto com as empresas e o governo federal nos últimos anos vem contribuindo para reduzir a dependência do Brasil em relação à China, com a abertura de novos mercados. “Atualmente, o mercado chinês responde por 34% das nossas exportações de suínos, mas esse percentual já foi bem maior, chegando a 55%”, comparou. De acordo com a coordenadora, essa atuação conjunta em busca de novos mercados é necessária. “Se ficarmos dependente de um único mercado, qualquer problema que ocorra vai impactar diretamente na vida das empresas”, alertou.

Peixe - Felipe Torquato, vice-presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), falou especificamente sobre a produção e o mercado de tilápia, peixe que domina a produção comercial no setor. Ele destacou que o Brasil já é o quarto maior produtor de tilápia do mundo, com perspectiva de crescimento. “O maior produtor é a China, mas lá não há mais possibilidade de crescimento dessa produção”, pontuou. E acrescentou que “o Brasil é o único país que pode ultrapassar a China na produção de tilápia”. De acordo com dados da PeixeBR, o Paraná é o maior produtor brasileiro do peixe, com produção de 182 mil toneladas, bem à frente do segundo colocado, São Paulo, que produz 76.140 toneladas.

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