FGV: Minério de ferro e soja puxam alta do IGP-10
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O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve alta de 0,46% em agosto, acentuando a elevação de 0,05% registrada em julho. Os principais efeitos sobre o índice foram do minério de ferro e da soja. Na avaliação de André Braz, economista da FGV, no próximo mês o índice será menor que o apurado em agosto, já que a principal influência não deve se verificar novamente.
Reajuste - O minério de ferro, que havia registrado queda de 0,54% no mês passado, sofreu reajuste de preço e subiu 13,73% em agosto. Isso fez com que fosse responsável por 65% da alta do IGP-10. No entanto, a alta é pontual e não deve se repetir em setembro. O minério foi o principal responsável pela elevação de 0,75% do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que havia ficado estável no mês anterior (0,02%). No acumulado de 12 meses, o IPA registra avanço de 7,47%. Excluindo o efeito do minério de ferro, o IPA teria sido de 0,14% no mês de agosto, o que demonstra a existência de outras fontes de pressão, embora menos intensas.
Entressafra - Uma delas é a soja e seus derivados, devido ao período de entressafra. A soja em grão saiu de alta de 2,86%, para uma elevação de 9,48%. Outras altas foram do óleo de soja bruto (de 2,86% para 9,48%), óleo de soja refinado (de -2,08% para -0,41%) e farelo de soja (de 1,91% para 5,33%). A soja contribuiu com 0,32 ponto percentual, cerca de 40% do IGP-10 no mês de agosto. A quebra de safra na Rússia também deve pressionar os preços do trigo e derivados, já que o Brasil vai precisar procurar outros mercados para importar o insumo. A farinha de trigo passou de elevação de 0,7% para alta de 3,95%.
IPA - "O IPA foi muito afetado pelas matérias-primas brutas. Houve aumento dos minérios, o que fez com que o indicador apresentasse uma forte aceleração em relação ao mês passado", diz Braz. "Um cenário parecido não deve se repetir na apuração do próximo mês. Esperamos taxa de variação bem abaixo no atacado. Contudo, o IPA já começou a sinalizar aumentos que podem chegar ao consumidor, como os ligados à alimentação, na soja e derivados, e trigo, sem contar com carnes, que estão em aceleração. Podemos esperar um IPA mais baixo e IPC não tão negativo quanto foi neste mês."
Influências negativas - O índice geral de preços sofreu também influências negativas. Os alimentos in natura fizeram com que os preços ao consumidor, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), acelerassem a queda de 0,17% no mês passado para - 0,31% em agosto. Os alimentos in natura, que haviam caído 2,37% no mês passado, tiveram retração de 7,27% em agosto. "Como o ponto de pressão do IPC tem partido dos alimentos in natura, a taxa negativa vai acabar. A probabilidade é que, nos próximos meses, o índice suba", disse o economista.
Carnes - Um item do atacado que deve passar a ter efeitos para o consumidor nos próximos meses, de acordo com a FGV, são as carnes, incluídas aves (de 0,42% para 4,26%), suínos (de -2,79% para 2,55%) e bovinos (de 1,67% para 2,08%). As hortaliças e legumes passaram de queda de 7,14% no mês passado para redução de preços de 10,66% em agosto. Segundo Braz, os efeitos do trigo sobre o aumento de preços já estão chegando, mas devem se acelerar ainda mais nos próximos meses. "Há itens que já estão sendo repassados para o consumidor".
Construção civil - O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), por sua vez , passou de alta de 0,72%, em julho, para 0,35% em agosto. "Mesmo com a construção civil aquecida, os insumos para reformas não estão registrando aceleração de preços", disse Braz. O cimento saiu de alta de 0,44% para 0,19%. Outros avanços mais brandos foram os do tijolo (de 1,74% para 1,03%), tubos e conexões de ferro e aço (de 0,28% para 0,1%) e vergalhões e arames de aço (de 1,95% para 0,22%). (Valor Econômico)