FEIJÃO: Produto segue caro na véspera de leilão oficial
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A notícia de que o governo federal irá liquidar os estoques públicos de feijão derrubou as cotações no campo, mas não conseguiu conter a alta dos preços no varejo. Desde o início do mês, quando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que iria colocar no mercado parte de seus estoques, a cotação da saca ao produtor caiu entre 4% (carioca) e 5% (preto) no Paraná, conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Mas nas prateleiras dos supermercados de Curitiba os preços continuam avançando. De acordo com o serviço Disque Economia da prefeitura, o quilo do produto acumula alta de 22% (carioca) e 32% (preto) em maio.
Intervenção - Para tentar segurar o preço ao consumidor, a Conab pretende colocar no mercado cerca de 40 mil toneladas do grão nas próximas semanas, o equivalente a cerca de 20% dos estoques públicos nacionais. No primeiro leilão de venda, que ocorre nesta quinta-feira (20/05), serão ofertadas 9,06 mil toneladas de feijão de cor. 56% deste produto, pouco mais de 5 mil toneladas, estão depositados no Paraná, o maior produtor nacional da leguminosa. O volume corresponde a cerca de 7% dos estoques acumulados pela Conab no estado na safra passada. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia também terão lotes ofertados.
Efeito psicológico - Para Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe) e analista da Correpar, os leilões da Conab tiveram efeito psicológico no mercado, baixando as cotações ao produtor momentaneamente, mas não devem ter força para conter a alta nas prateleiras. "Estamos no auge da colheita da segunda safra, e o produtor quer aproveitar os preços bons. Por isso, tudo que sai da lavoura é colocado no mercado quase que imediatamente. Mas quando souberam que o governo iria vender seus estoques, cerca de 20 dias atrás, cerealistas, empacotadores e supermercados suspenderam suas compras. Por isso os preços caíram", explica.
Risco - O risco é de o consumidor voltar a ver, no segundo semestre, preços tão altos quanto os de dois anos atrás. Em janeiro de 2008, a cotação da saca do feijão carioca chegou a R$ 300 ao produtor. Na gôndola dos supermercados, os consumidores chegaram a pagar até R$ 9 pelo quilo do produto.
Preços - Desde o início do ano, os preços recebidos pelos produtores paranaenses já subiram entre 32% (preto) e 85% (carioca). A saca do preto vale hoje pouco menos de R$ 70 e o carioca está cotado a cerca de R$ 100. No varejo, a alta acumulada é de, respectivamente, 66% e 71%. Em média, o consumidor curitibano está pagando R$ 2,89 pelo quilo do feijão preto e R$ 3,39 pelo carioca, mas o carioquinha chega a custar mais de R$ 5 em alguns supermercados da cidade. (Gazeta do Povo)