FALECIMENTO: Cooperativismo perde um dos seus “construtores”: Silvio Tedéo
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Faleceu, no sábado (27/04), em Curitiba, o engenheiro agrônomo Silvio Tedéo, aos 82 anos. Ele lutava há muito tempo contra um câncer no pulmão. Deixa a esposa Ione, a filha Priscila e netos. Silvio, ao lado de lideranças como Ênio Marques Ferreira, Silvio Galdino, Takeki Nishiyama, Duílio José de Paola, Tadeu Duda, Wilson Thiesen, Guntolf van Kaick e Benjamim Hammerschmidt foram os “construtores” da Ocepar e do cooperativismo paranaense, nas décadas de 1960 e 1970. Na época, Tedéo atuava como coordenador de cooperativismo da então Acarpa/Emater, hoje Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PR), quando se somou aos esforços do Incra e do Departamento de Agricultura e Cooperativismo, o DAC, da Secretaria de Agricultura do Paraná, para reorganizar as cooperativas, que haviam surgido sem nenhum planejamento e, muitas vezes, competiam entre elas.
Homenagem - Durante as comemorações dos 30 anos da Ocepar, em abril de 2001, Tedéo foi um dos homenageados, junto com os demais “construtores” do cooperativismo, em Curitiba. Ele recebeu das mãos do diretor da Ocepar e presidente da C.Vale, Alfredo Lang, a homenagem. João Paulo Koslovski, presidente da Ocepar na ocasião, lembrou que, “antes que a Ocepar fosse constituída, em 02 de abril de 1971, um grupo de pessoas de várias instituições públicas do Paraná passou a atuar para reorganizar as cooperativas que, na época, não tinham áreas definidas e, muitas vezes, competiam entre si. O objetivo desse grupo era organizar as cooperativas para que crescessem fortes, respondendo aos anseios dos agricultores. Foi esse mesmo grupo de pessoas que deu forma à ideia de constituição da Ocepar”, destacou.
Sistema Ocepar - O presidente José Roberto Ricken, que esteve no velório nesse domingo (28/04), para realizar últimas homenagens a Silvio Tedéo, lamentou sua morte e lembrou do legado que deixa para o cooperativismo paranaense e brasileiro: “Foi o Tedéo que reuniu e coordenou o trabalho dos assessores da Acarpa na montagem dos projetos de integração do cooperativismo. Sem esse apoio da equipe dele, não teríamos a estrutura cooperativista que temos hoje. Não resta a menor dúvida de que o apoio profissional da Acarpa em prol do desenvolvimento do cooperativismo foi a base para o crescimento do Sistema e o engenheiro agrônomo Silvio Tedéo foi o grande articulador deste importante trabalho realizado pela então Acarpa. Ele participou ativamente de todas as discussões para constituição da Ocepar. Os nossos agradecimentos e o reconhecimento do cooperativismo do Paraná pelos relevantes serviços prestados por Tedéo ao cooperativismo e à Ocepar”, comentou Ricken.
Seab - A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento emitiu uma nota sobre a perda de Silvio Tedéo: “Com imenso pesar, o Sistema Estadual de Agricultura (Seagri) lamenta o falecimento, neste sábado (27/04), do agrônomo Sílvio Tedéo, 82 anos, que, por muito tempo, foi responsável pelo setor de cooperativismo na antiga Acarpa, que se transformou na Emater e hoje é o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), uma das vinculadas ao Seagri. Além disso, esteve presente e ativo em todas as discussões que culminaram com a criação da Ocepar, em 1971”. O secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, disse que “muitas gerações tiveram o Sílvio como inspirador e mestre, principalmente em questões relacionadas ao cooperativismo. Por isso seu falecimento é e será sentido para sempre, pois tinha muito ainda a ensinar”, lamentou.
Revista PR Cooperativo - Na edição 136 da revista Paraná Cooperativo, de maio de 2016, na matéria especial que celebrava os 60 anos da Emater, Silvio Tedéo foi um dos entrevistados. Na oportunidade, ele destacou que “a extensão rural, por estar presente em todos os municípios, estruturou um trabalho de organização dos produtores que culminou com a criação de várias cooperativas ao longo do tempo. No final da década de 1960, ações bem-sucedidas de organização cooperativa influenciaram na decisão conjunta de órgãos públicos de implementar um programa de desenvolvimento do cooperativismo nas regiões que estavam, na época, em expansão agrícola, o Oeste e o Sudoeste do estado”, lembrou Tedéo.
PIC - Dessa forma surgiu, em 1972, o PIC – Projeto Iguaçu de Cooperativismo, reorganizando o sistema cooperativista em 45 municípios nas duas regiões. Foi uma iniciativa integrada entre o Emater (antigaAcarpa), Seab (por meio do DAC – Departamento de Assistência ao Cooperativismo), Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), com o apoio da Ocepar. “Tínhamos dois objetivos: prover o abastecimento de bens de produção, pois cada município tinha entre quatro ou cinco intermediários que exploravam os produtores na venda de insumos, e também resolver o grande drama da falta de infraestrutura para o recebimento, beneficiamento, secagem e comercialização”, frisou Tedéo, que na época ocupava o cargo de coordenador de cooperativismo da Acarpa.
Cooperativas - Na reportagem da revista Paraná Cooperativo, Silvio Tedéo ressaltou que, “como consequência dos trabalhos do PIC, foram fundadas ou se reorganizaram as cooperativas Coopavel, Copagril, Coopervale (C.Vale), Lar, Copacol, Coasul, entre outras”, lembra. O sucesso do PIC motivou as instituições a lançarem os projetos de integração Norcoop e Sulcoop, com os mesmos objetivos voltados às regiões Norte e Centro-Sul do Paraná. “Sem os projetos integrados, congregando todos os órgãos, cada um continuaria atuando de forma isolada, sem muita consistência”, avalia. “Hoje, o que vemos é que o cooperativismo buscou seus caminhos e, como preconizávamos, as cooperativas cresceram e se tornaram sólidas, industrializadas e agregando valor à produção de seus cooperados”, conclui Tedéo.
Foto - Numa das fotos históricas dos anos 1970, durante reunião com cooperativas no interior do Paraná, aparecem, da esquerda para direita: Carlos Rodolfo Vasconcelos Kruger, Silvio Tedéo e Ênio Marques Ferreira da Acarpa, Wilson Thiesen e Silvio Galdino, do Incra, e Guntolf van Kaick, da Ocepar, que integravam o Grupo de Trabalho do Projeto Iguaçu de Cooperativismo (PIC), em 1972, em Dois Vizinhos.