EXPORTAÇÃO: Boi verde, barato e competitivo

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No momento em que exportar carne bovina se transforma num grande negócio, o Paraná paga o preço do ressurgimento da febre aftosa e caminha na contramão do país, que ocupa um espaço cada vez maior no mercado internacional. Nem mesmo as restrições impostas pelos compradores conseguiram interromper o ciclo de alta das exportações brasileiras. No ano passado, os embarques brasileiros somaram 1,6 milhão de toneladas (volume efetivamente embarcado), para um resultado financeiro de US$ 4 bilhões. Em relação a 2005, o desempenho é 25% melhor em faturamento e 10% em volume. Se considerado o equivalente/carcaça (peso com osso), o aumento foi de 28% e atingiu 2,58 milhões de toneladas. Para efeito estatístico, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) utiliza os dados de equivalência/carcaça. Mas como o país não pode exportar carne com osso, por causa do status de livre de febre aftosa com vacinação, o volume exportado é sempre menor. Entre os maiores exportadores, o Brasil é o único enquadrado nessa restrição. No discurso alinhado dos frigoríficos e pecuaristas, a explicação para o crescimento dos números nacionais – mesmo num cenário hostil – está na competitividade quando o assunto é boi de corte. “O que faz aumentar as exportações brasileiras é a quantidade, a qualidade e o preço”, diz Antônio Jorge Camardelli, diretor-executivo da Abiec. Ele destaca que o Brasil tem o maior rebanho do mundo e o menor custo de produção da carne bovina.

Conjunto - A recente explosão da carne brasileira no exterior é atribuída a um trabalho conjunto do setor privado e do governo federal, em especial dos ministérios da Agricultura e do Comércio Exterior. A abertura de mercado tem, ainda, relação com avanços em questões de genética e sanidade. Como não existe espaço para agregar valor aos cortes tradicionais, os frigoríficos agora atendem mercados específicos, com cortes sob encomenda. “Há três anos o Brasil era comprado. Hoje vendemos o Brasil”, diz Camardelli. O executivo da Abiec cita de exemplo o lagarto (um tipo de corte), que passa a ser exportado direto como carpaccio. De acordo com Camardelli, a possibilidade de atender a ponta é uma maneira de encurtar a cadeia e aumentar o lucro. A carne brasileira chega a 170 países. Há três anos, os compradores internacionais não passavam de 100. Os destaques são a Rússia, Egito e Reino Unido, que juntos respondem por 64% do volume exportado, em números do ano passado. O mercado de carne no Brasil cresceu, basicamente, nas exportações, explica Gustavo Fanaya, economista do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne). Ele reforça sua avaliação ao destacar o cenário de estagnação do consumo per capita, estacionado em 36 quilos por ano desde 1995. Se considerada a exportação no critério equivalente carcaça, o Brasil é o primeiro exportador mundial de carne bovina, seguido de Austrália e Estados Unidos. O país exporta carne in natura e industrializada. (Tudo Paraná)

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