EXPEDIÇÃO SAFRA: Soja rompe limite, apesar do clima
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Mesmo com chuvas irregulares durante todo o plantio, a agricultura brasileira deve colher 22,9% mais soja do que no verão passado, uma safra de 82,27 milhões de toneladas. Com aumento de 9,49% na área plantada e expectativa de bom rendimento, a safra da oleaginosa supera os 72,51 milhões de 2010/11, e promete alavancar a colheita nacional de grãos para 185 milhões de toneladas, uma expansão de pelo menos 13 milhões (t). A projeção foi apurada pela Expedição Safra – projeto da Gazeta do Povo desenvolvido pela sétima temporada que percorreu 28 mil quilômetros desde setembro.
Milho - Houve redução de 8,8% na área nacional do milho e, por falta de umidade, a produção do cereal perdeu força. Ainda assim, está melhor do que no ano passado e tende a alcançar 35,83 milhões de toneladas. As 7,8 milhões de hectares preservam potencial para 4,59 mil quilos por hectare – produtividade 8,7% maior que a do último verão.
Recuperação - A safra recorde reflete um ano de apostas e também de recuperação. Enquanto Centro-Oeste, Sudeste e Centro-Norte ampliam lavouras e superaram suas produtividades, o Sul deixa para trás a quebra climática de 2011/12. Dois terços dos 15 milhões de toneladas da expansão nacional na soja vêm do aumento na produção esperado nos estados que sofreram com a seca. O Rio Grande do Sul espera registrar o maior incremento do país na colheita da soja: 84,6%, com projeção para 12,26 milhões de toneladas. O Paraná deve avançar 36,2% e chegar a 14,85 milhões de toneladas. São 5,62 milhões e 3,99 milhões de toneladas a mais, respectivamente.
Mato Grosso - Em área, no entanto, nenhum estado se equipara a Mato Grosso, com expansão de 902 mil hectares (13,8%) e expectativa de 23,55 milhões de toneladas (6,9%).O estado do Centro-Oeste representa mais de um quarto da produção nacional.
Falta de umidade - A safra poderia ser ainda maior, passando de 84 milhões de toneladas na soja e 36 milhões no milho, avalia o agrônomo Robson Mafioletti, técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que acompanha a Expedição Safra. Pelo menos 2 milhões de toneladas de grãos deixarão de ser colhidos por falta de umidade. Houve quebra parcial nas lavouras do cereal semeadas dois meses atrás no Rio Grande do Sul e no Paraná e perda de potencial em lavouras de soja que enfrentaram duas a três semanas de seca no Sul e no Centro-Oeste logo na fase inicial.
Irregularidade climática - “A irregularidade climática afetou o início do desenvolvimento do milho e da soja. Nessas regiões, o potencial máximo de produtividade não será atingido. Mas o saldo é positivo, vamos ter safra cheia, dependendo, é claro, de mais um mês e meio de chuva”, resume o especialista. A partir de agora, aos produtores, resta torcer por chuvas regulares.
Aposta cresceu em áreas isoladas e com estrutura - A grande ameaça à safra brasileira de grãos é logística, afirma o produtor Dorval Simon, de Nova Maringá (MT). Ele está na região brasileira que mais produz soja, ao lado de Sorriso, mas sua produção precisa viajar 100 quilômetros em estradas sem pavimento para, enfim, ganhar o asfalto e seguir mais 1,9 mil quilômetros até o porto de exportação mais próximo, em Santos (SP).
Problemático - “O escoamento neste ano deve ser problemático, com lama na estrada, filas de caminhões, falta de trem”, sentencia o agricultor, que espera 3,3 mil quilos de soja por hectare. Sua região vem ampliando as lavouras todos os anos e tem produtividades acima da média nacional (2,99 mil kg/ha), mas enfrenta inclusive apagões na rede elétrica e falta de telefonia.
Preocupação - A preocupação faz sentido. Todas as regiões ampliaram a produção, incluindo as mais estruturadas. E o clima favorece safra cheia. Aparentemente, a irregularidade climática deu uma trégua, comemora Willem Bauwman, produtor de milho e soja nos Campos Gerais do Paraná, em Castro. Sua região, que tradicionalmente tem um clima equilibrado, enfrentou até 60 dias de seca no último semestre. Os produtores ampliaram aposta em 10% na soja e esperam produtividade igual ou até melhor que a da última safra, conta Márcio Copacheski, que monitora a intenção de safra, conta Márcio Copacheski, que monitora a intenção de plantio entre os associados da cooperativa Castrolanda.
Frete - 47% de aumento no preço do frete de Sorriso (MT) a Paranaguá foi registrado no último ano, chegando a R$ 250 a tonelada. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)