EXPEDIÇÃO SAFRA I: Alemanha cobra mais cooperação do Brasil
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Economia mais forte da União Europeia, a Alemanha decidiu colocar na mesa das negociações comerciais entre o Brasil e o bloco econômico a ampliação de suas exportações ao país sul-americano. Além disso, pede atenção a exigências europeias de padrão - que envolvem atenção ao ambiente e à segregação de grãos convencionais e transgênicos - para dar abertura maior aos produtos brasileiros. A posição de parceria e cobrança foi manifestada pela chefe do Departamento Internacional do Ministério da Agricultura, Nutrição e Proteção do Consumidor, Birgit Risch, em entrevista à Expedição Safra.
Frentes - O Brasil tenta elevar as exportações para a Alemanha e negocia com a União Europeia em duas frentes. Numa delas, quer evitar sua exclusão do Sistema Geral de Preferências Tarifárias (SGP), que cobra menos imposto sobre mercadorias produzidas em países em desenvolvimento. Na outra, precisa defender seus interesses durante a revisão do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, que pode redefinir tarifas e exigências diante de cada produto.
Menor tarifa - "Os importadores europeus podem optar pela menor tarifa, entre o SGP ou acordo UE-Mercosul. Mas, na modificação de ambos, os produtos brasileiros correm risco de perder competitividade na Europa", aponta a especialista em comércio exterior da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) Patrícia Medeiros. "A balança comercial do agronegócio é claramente favorável ao Brasil", argumenta a executiva do Ministério da Agricultura alemão. "O Brasil exporta para a Alemanha produtos agrícolas no valor de cerca de 3 bilhões de euros anuais. Em contrapartida, a Alemanha exporta 100 milhões de euros, ou seja, 30 vezes menos."
Diferença menor - Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) brasileiro, a diferença é menor. Em 2010, o Brasil exportou para a Alemanha US$ 2,8 bilhões e importou US$ 370 milhões, informa o mais recente relatório do Mapa. Ou seja, conforme o governo brasileiro, as exportações da Alemanha foram 7,6 vezes menores que as importações diante do Brasil no agronegócio. O país é o quarto principal destino dos produtos do setor (atrás de China, Estados Unidos e Rússia). Na comparação de 2010 com 2009, o Brasil importou 35% mais e exportou 0,4% menos para o mercado alemão.
Potencial - Para a Alemanha, o potencial de exportação do Brasil não vem sendo 100% explorado. Birgit Rish cita que o país não consegue cumprir as exigências para exportar 10 mil quilos de carne bovina pela Cota Hilton. Outro ponto que a executiva do governo alemão apontou como decisivo para o potencial de exportação brasileiro é a produção de soja convencional longe de áreas de desmatamento. Confira abaixo trecho da entrevista e acompanhe as reportagens sobre o mercado europeu nas próximas edições do Caminhos do Campo. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)