ENCONTRO EM MARINGÁ DEMONSTROU QUE ALGODÃO É VIÁVEL NO PR

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?O encontro demonstrou que o algodão é viável no Paraná. Agora temos que mudar o nosso discurso e voltar a incluir a cotonicultura como alternativa rentável, inclusive esquecendo de nos comparar com o Mato Grosso, pois nosso custo é menor e colhemos dois meses antes, num momento de mercado mais favorável. Precisamos rever nossas estratégias para incentivarmos essa cultura, que traz tantos benefícios sociais aos pequenos produtores e aos trabalhadores rurais?. Essa afirmação foi feita nesta segunda-feira pelo superintendente da Ocepar, José Roberto Ricken, ao avaliar o resultado do encontro realizado em Maringá na sexta-feira (24), pela Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar) para discutir os problemas do setor e elaborar o programa de revitalização da cotonicultura.

Vantagens do Paraná - O presidente da Acopar, Almir Montecelli, afirmou que a presença do presidente da Assembléia Legislativa Hermas Brandão e de quase todas as cooperativas que atuam com algodão demonstrou a importância do assunto. ?O algodão pode ser uma opção econômica muito importante, pois está provado que temos plena capacidade de produção, produtividade e qualidade. Além disso, temos uma situação privilegiada porque a nossa indústria usa 40% do algodão interno e o restante tem que importar?, frisou Montecelli. O presidente da Acopar considerou a presença do deputado Hermas Brandão ao encontro ?muito importante, pois ele se comprometeu a buscar a aprovação do Proalpar no Estado. O trabalho agora é do Hermas junto à Assembléia, para mostrar aos deputados, através dos dados econômicos que a Ocepar vai levar, que o algodão vai trazer renda e não perdas à economia do Paraná?.

Nova reunião avalia desempenho da cadeia ? Nova reunião a ser realizada na sexta-feira (31), em Ubiratã, vai fazer uma análise da cadeia produtiva do algodão, incluindo a produção, a industrialização e a comercialização. A reunião será coordenada pela cooperativa Coagru e terá os seguintes expositores: Nelson Campos Júnior (Coagru), que falará sobre aspectos da produção; Antonio Garcia (Coamo), que falará sobre a comercialização; e Marco Orozimbo (Cocamar), que falará sobre a industrialização. O objetivo é levantar todos os problemas desses setores e buscar as melhores alternativas de solução. ?Hoje já se criou uma consciência de que está faltando esclarecimento e adoção das novas tecnologias pelos agricultores que deixaram de plantar, e a informação de que essas tecnologias apresentam menores custos de produção?, frisou Montecelli.

Qualidade, menor custo e produtividade ? O diretor executivo da Coodetec, cooperativa central que atua na pesquisa em algodão, soja, trigo e milho, Ivo Marcos Carraro, é um dos mais ardorosos defensores da cotonicultura no Paraná e tem bem claros os empecilhos à retomada do incentivo ao setor. ?Tem que ficar claro que a despeito do algodão ir bem no Brasil Central, essa situação não beneficia o agricultor que fica no Paraná, pois estamos esquecendo o nosso produtor, o funcionário que trabalha na descaroçadora, o bóia-fria que pode trabalhar no algodão e em todo o pessoal envolvido com o setor. Se cremos que a cultura tem competitividade no Paraná, como ficou provado no próprio encontro, temos que incentivar, a exemplo do que já fazem muitas cooperativas?, frisou Carraro.

Mudança de perfil ? O diretor da Coodetec afirmou que os problemas de produção, qualidade, custo e produtividade do algodão foram todos solucionados através da pesquisa conduzida nos últimos anos. ?A introdução de novas variedades de algodão, que começou com a CD 401, mudou o perfil do algodão no Paraná. Melhoramos a produtividade da fibra de 32% para 37% e estamos para lançar uma nova variedade com rendimento da pluma de 40%. As novas variedades apresentam fibra de melhor qualidade e de melhor rendimento, permitindo ainda a colheita mecânica, beneficiando uma camada dos produtores?, frisou o pesquisador, frisando que ?os produtores do Paraná têm esse trunfo na mão e não sabem?. Aos que ainda desacreditam no potencial do nosso algodão, Carraro pergunta: por que a indústria prefere o algodão do Paraná? Isso mostra que, apesar de alguns acharem o contrário, nosso algodão, junto com o de São Paulo e Mato Grosso do Sul, é competitivo com o algodão do centro-oeste?.

Papel da pesquisa ? Ainda segundo o diretor executivo da Coodetec, as variedades atuais plantadas no Paraná, como a CD-401, CD-404, CD-405 e IPR-95 apresentam qualidade industrial de fibra equiparada às melhores produzidas no país, colocando o Estado, ?por incrível que possa parecer, num nível de competitividade que muitas vezes nem nós paranaenses conhecemos ou acreditamos?. O papel da pesquisa, segundo ele, está sendo cumprido. Falta agora o das lideranças e dos produtores. ?O incentivo ao plantio do algodão tem que começar pela solução dos problemas que tiram nossa competitividade e pelo discurso das lideranças, de credibilidade no setor. O trabalho de recuperação pode ser lento e aqueles que nele acreditarem deverão ser persistentes. E o futuro da agricultura paranaense vai agradecer por isso?, concluiu.

O Proalpar ? O Programa de Incentivo e Industrialização do Algodão do Paraná ? Proalpar, tem por objetivo estabelecer, através de incentivos fiscais equivalentes aos adotados pelo Mato Grosso, a competitividade paranaense no setor. O Mato Grosso, que antes era o 6º produtor de algodão, através do Proalmat tornou-se o maior produtor brasileiro, enquanto a posição do Paraná caiu do 1º para o 5º lugar. O Mato Grosso saiu de uma área de 55 mil hectares para 294.000 e a um aumento da arrecadação de R$ 8 milhões para R$ 150 milhões, apesar dos incentivos fiscais. O Proalpar, cujo projeto foi vetado pelo governo do Paraná em função de ?inadequação constitucional?, prevê crédito fiscal equivalente a 80% do ICMS devido na saída do produto da indústria de fiação e tecelagem; de 85% do ICMS devido na saída do produto da indústria de confecção; e de 75% do ICMS devido na saída da pluma de algodão para outros estados. Com isso, o governo receberá 25% do ICMS, com a diferença (75%) sendo redistribuída entre indústria (50% dessa diferença), produtor (40%) e pesquisa (10%).

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