ENCONTRO DE NÚCLEOS: Lideranças cooperativistas avaliam crise financeira mundial

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A crise internacional, que mexeu com os mercados financeiros em todo o mundo, também preocupa as cooperativas paranaenses. Nesta quarta-feira (18/11), cerca de 80 presidentes, dirigentes, líderes, cooperados e colaboradores de cooperativas das regiões Norte e Nordeste do Paraná se reuniram com o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, e com o superintendente José Roberto Ricken, para avaliar os reflexos da crise no agronegócio e traçar um plano de ação para o próximo ano. A reunião, realizada na Cocari, em Mandaguari, faz parte do Encontro de Núcleos que o Sistema Ocepar promove anualmente com a finalidade de discutir regionalmente a atuação das cooperativas do Paraná.

Agenda - As reuniões do Encontro de Núcleos iniciaram na segunda-feira (17/11) pela região Sudoeste. A cooperativa anfitriã foi a Cocamp, de Palmas. Na terça-feira (18/11), a reunião aconteceu na região Oeste, tendo como cooperativa anfitriã a Coodetec, de Cascavel. O último encontro será na quinta-feira, dia 20 de novembro, com as cooperativas da região Centro Sul, tendo como anfitriã a Castrolanda, em Castro.

Palestra - Para esclarecer e orientar os cooperativistas em relação ao que está acontecendo na economia mundial, a Ocepar levou para o Encontro de Núcleos deste ano o professor da FAE e da UFPR, Eugênio Stefanelo.  Ontem, na Coodetec, ao ministrar a palestra "Possíveis Impactos da Crise Internacional para o Cooperativismo Paranaense", Stefanelo disse que o "momento atual pede que o agricultor tenha cautela e pés no chão, ajustando projetos e investimentos à nova realidade. Mas ainda não se vislumbra recessão ou depressão no Brasil. Ao contrário de outros países, o que temos é uma perspectiva de redução de crescimento". 

Perspectivas de mercado - Segundo Stefanelo, o cenário que começa a se desenhar para o Brasil é de uma redução de crescimento, ao contrário de outros países, como EUA e Japão, que já convivem com a recessão. O Brasil cresce este ano, 5% e deve crescer algo em torno de 3% no próximo ano. O que precisamos é nos ajustarmos ao tamanho de crescimento, que será menor que o esperado", observa. Em relação ao desempenho das commodities, Stefanelo acha que não há razão para desespero. "Em soja, o que produzir, tem mercado de consumo e os preços devem se acomodar acima da média histórica, de 13 dólares à saca", diz, observando que as cotações atuais são mais realistas. Os preços recordes foram, segundo ele, inflados, artificialmente, pelo mercado.

Milho e trigo - Quanto ao milho, Eugênio lembra que, apesar dos estoques altos, a atual safra está reduzida entre 6 a 8% e o plantio da safrinha continua um grande ponto de interrogação. Caso ela se confirme abaixo da colheita anterior, os estoques serão desovados, abrindo perspectivas mais animadoras. "Quem tem milho não deve entrar em desespero", observa. Em sua avaliação, as perspectivas para o trigo, não são otimistas. O Brasil produz 5,8 milhões de toneladas e consome 10,3 milhões de toneladas. Os preços internacionais estão em queda e o preço mínimo de garantia (28,80 reais à saca, para o melhor produto), não cobre o custo de produção. A pecuária de corte está em situação cômoda, em sua avaliação. "Pode crescer mais 5%, sem enfrentar problema de mercado". Mas a pecuária leiteira está super-ofertada, o mesmo acontecendo com a avicultura, que produz mais 10% do volume comportado pelos mercados interno e externo.

Avaliação - Segundo João Paulo Koslovski, presidente do Sistema Ocepar, os efeitos da crise serão mais significativos em 2009. Para este ano, como não houve surpresas com o clima, as cooperativas paranaenses estão fechando este exercício com saldo extremamente positivo. As 234 empresas cooperativas elevaram seu faturamento de R$ 18,5 bilhões em 2007, para R$ 22 bilhões este ano. Elas reúnem 500 mil cooperados, geram 1,1 milhão de empregos e influenciam diretamente a vida de 2,1 milhões de paranaenses. "Este Encontro de Núcleos busca definir parâmetros de atuação das cooperativas individualmente e do próprio Sistema Ocepar para o próximo ano. Mas ainda é cedo para projetarmos números para o futuro", disse Koslovski, ressaltando entretanto, que o Sistema Ocepar deverá atuar ainda mais intensamente na representação e defesa do agronegócio e do cooperativismo no Estado.

Coodetec - Durante o encontro de terça-feira (18/11), o presidente Irineo da Costa Rodrigues e o diretor-executivo da Coodetec Ivo Marcos Carraro apresentaram detalhes das atividades desenvolvidas pela Central de Pesquisa, que é integrada por 36 cooperativas de diferentes estados brasileiros e já é reponsável pela pesquisa e desenvolvimento de 25% das variedades de soja plantadas no País, por 30% das cultivares de trigo e por 3,5% dos híbridos de milho. (Com informações Imprensa Coodetec e Cocari)

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