EMBRAPA: Lodo de esgoto como alternativa para adubação
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) estão desenvolvendo estudos, com bons resultados, para transformar o lodo de esgoto em adubo voltado para a produção agrícola. Até então, este “produto” não possuía qualquer utilidade para a maioria das localidades que o produz. Em muitos casos, torna-se um estorvo à medida que as empresas de saneamento básico precisam se virar para dar-lhe destinação adequada. Mas, segundo a Embrapa, tal problema pode estar perto do fim. “O lodo, definido como o conjunto de resíduos do tratamento de esgoto, rico em nutrientes e em matéria orgânica, pode ser aplicado na agricultura como fertilizante”, anuncia Jorge Lemainski, engenheiro agrônomo da Embrapa que desenvolve pesquisas nessa área. Em geral, de cada 10 mil litros de efluentes que entram nas estações de tratamento, um litro é composto de material orgânico, que, após o processamento, gera uma pasta – o lodo – que pode substituir parcial ou totalmente o adubo químico. A Embrapa atua na investigação científica de aplicações de tais resíduos para a agricultura desde 1994, relata Lemainski. “Os resultados obtidos são excelentes, sobretudo em relação às culturas de soja e milho, mas dá para usar também em reflorestamento, fruteiras e gramíneas”, afirma.
Primeiros passos - O agrônomo ressalta que o trabalho não é inédito, mas que, no país, ainda é incipiente. “Está no começo, pois o tratamento de esgoto [no Brasil] é muito pequeno”. Segundo Lemainski, dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 1.079 (108 milhões de habitantes) têm serviço de coleta de esgoto. “E de todo o esgoto coletado, somente 28% são tratados. Os 72% restantes são lançados nos rios”, comenta. Além de ecológico, o uso do lodo no campo traz retorno financeiro ao produtor. “Ainda que não trouxesse vantagem, já seria bom pela redução do impacto ambiental”, defende.
Vantagens -
Aproveitamento: Recupera e reintegra na cadeia produtiva os nutrientes do lodo
Sem custo adicional: Não gera custos adicionais de gestão no manejo do lodo como ocorre na incineração e em aterros sanitários
Ganho de produtividade: Substitui fertilizantes minerais com ganho econômico e de produtividade
Ecológico: Previne os impactos ambientais decorrentes da queima do lodo na incineração e na concentração de nutrientes em aterros sanitários
Seguro: Os riscos do lodo para o ambiente e à saúde humana são evitados pela aplicação correta da tecnologia e com equipamentos de proteção
Sem e com tratamento: Mais de 10 bilhões de litros de esgoto sem tratamento são jogados nos rios brasileiros por dia; em Brasília, onde há tratamento, a produção de lodo atinge 400 toneladas/dia, o que permite fertilizar 5 mil hectares/ano
Retorno financeiro - Para mostrar que há vantagem financeira, Jorge Lemainski explica que, para cada real de adubo químico investido na cultura de milho, o retorno financeiro é de R$ 0,48. Por outro lado, para cada real de lodo, o ganho será praticamente dobrado, de aproximadamente R$ 0,90. Os números ficam mais fortes quando se considera que, em geral, são consumidos R$ 800 de fertilizante por hectare nessa cultura. (Com informações da Embrapa)