EM PALESTRA, GALLASSINI MOSTROU RAZÕES DO SUCESSO DA COAMO

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Em palestra proferida na manhã desta segunda-feira aos funcionários do Sistema Ocepar e a membros da diretoria, o engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini mostrou as razões do sucesso da Coamo, a maior cooperativa agropecuária brasileira, que preside desde 1975. Durante sua palestra, intitulada "Filosofia de vida em prol do bem comum", Gallassini, que também é vice-presidente da Ocepar, mostrou os números que destacam a Coamo no cenário agrícola e cooperativista brasileiro, falou da filosofia cooperativista e das dificuldades para manter competitiva uma empresa cooperativa que atua corretamente no pagamento de todos os compromissos trabalhistas e fiscais, enquanto concorrentes, no Brasil, sonegam até 50% dos tributos devidos. A palestra de Gallassini foi a primeira de uma série programada pelo Sistema Ocepar para seus colaboradores.

O econômico e o social - Ficou claro, na palestra de Gallassini, que "o econômico domina o social" e que a "a Coamo é cooperativa, mas tem que ser administrada como empresa". No entanto, não descartou a atuação social da cooperativa quando o resultado econômico permite, mas desde que em setores onde a maioria dos cooperados é beneficiada "e essa atuação permite o aumento da renda do associado". Não se pode, com a atuação social, colocar em risco a empresa cooperativa, pois esta trava uma guerra diária pelo mercado, onde tem a obrigação de prestar bons serviços aos cooperados e pagar pelo menos um preço igual ao dos concorrentes, com a vantagem de poder devolver aos integrantes as sobras no final do ano. O paternalismo é uma palavra que, segundo o presidente da Coamo, tem que ser "tirada" do dicionário, pois cria condições para as pessoas se aproveitarem da empresa e esta acaba desaparecendo. O paternalismo é a causa do desaparecimento de muitas empresas, segundo Gallassini.

Fatores de sucesso - A palestra de Gallassini mostrou como a Coamo se tornou a maior cooperativa agropecuária brasileira, tendo fechado o ano 2001 com R$ 1,6 bilhão de faturamento e sobras de R$ 90 milhões, o que permitiria devolver a cada um dos 17 mil cooperados, em média, cerca de R$ 5.300,00 no final do ano. Evidentemente, a distribuição das sobras é proporcional ao movimento econômico na cooperativa. O próprio Gallassini considera importante, para o sucesso da cooperativa, a existência de uma diretoria "forte, austera e profissional"; funcionários profissionalizados, em tempo integral e com salário de mercado, e participação efetiva dos cooperados "nos eventos técnicos, educacionais e sociais (reuniões e dias de campo, assembléia geral). Na Coamo, a diretoria vai a campo duas vezes ao ano (uma por semestre), apresentando a situação da cooperativa e da agricultura nacional e mundial", frisou. E enumerou as razões do sucesso da cooperativa:

a) apoio do quadro de cooperados: grande participação e envolvimento na cooperativa;

b) forte política de capitalização adotada desde o início;

c) a harmonia que sempre existiu entre diretoria e cooperados; grande união entre cooperados, diretoria e funcionários; r trabalho em prol do bem comum;

d) a estabilidade administrativa que proporciona uma continuação das políticas de administração e com planejamento estratégico a longo prazo;

e) a política de investimentos em treinamentos do quadro de funcionários para melhor atendimento aos cooperados;

f) Mudanças constantes para acompanhar o progresso;

g) Busca permanente de redução de custos, melhores preços, sem perda da qualidade.

Relações com o cooperado - O cooperado, que é a razão da existência das cooperativas, nem sempre é um "santo" na sua relação de fidelidade com a cooperativa. Na análise dessa questão, o presidente foi muito claro ao reconhecer que os cooperados estão muito mais apegados aos seus direitos que aos deveres perante a cooperativa. Enumerou a falta de preparo de muitos cooperados aos que são individualistas, imediatistas e nem sempre consideram o atendimento que recebem na cooperativa, enquanto fora da cooperativa teriam que se virar sozinhos. E apesar de toda a segurança e conforto na prestação de diversos serviços pela cooperativa (assistência técnica, armazenagem, insumos, crédito e comercialização, entre outros), muitos cooperados ainda operam parcialmente com terceiros na entrega da produção e na aquisição de insumos. Ainda bem que uma minoria age assim. Por isso as relações com os cooperados são muito profissionais, sem paternalismo ou concessões. Afinal, a cooperativa é, acima de tudo, uma empresa, cujo social só pode ser feito pelo próprio associado através do bom resultado econômico que a cooperativa lhe proporciona. "O cooperado quer preço e isto temos que conseguir através da eliminação de custos, sob pena de ser alijado do mercado", conclui José Aroldo Gallassini.

Visão dos colaboradores - Para muitos colaboradores da Ocepar a palestra de Gallassini apenas confirmou uma percepção sobre a forma como a Coamo vem sendo administrada desde sua constituição, em 1970. Afinal, o próprio Gallassini foi seu idealizador no final dos anos 60, como extensionista da Emater. Foi seu gerente até 1975, quando foi escolhido para presidi-la, cargo que ocupa até hoje. "Me chamou muita atenção o tratamento da Coamo focado em resultados, em objetivos colocados de forma muito clara", afirmou Mauro Kummer, o mais novo integrante da equipe de Desenvolvimento Humano do Sescoop-PR. Kummer, que foi gerente de treinamento da Siemens por 14 anos, ficou impressionado com o montante das sobras da Coamo (R$ 90 milhões). O gerente técnico e econômico da Ocepar, Nelson Costa, afirma que a palestra do presidente da Coamo "foi importante porque permite que o profissional conheça, na prática, a cooperativa e sua forma de atuação. Na exposição de Gallassini, ficou evidente a estratégica que a cooperativa adota, dos pontos fortes e fracos de uma cooperativa em comparação com as demais empresas, e principalmente que o segredo do sucesso de uma cooperativa é a perseverança e fidelidade dos seus cooperados, além de profissionais capacitados para atender aos cooperados".

Cooperativismo, o combustível - Para Leonardo Boesche, gerente de Desenvolvimento Humano do Sescoope-PR, "foi muito importante o depoimento do presidente da maior cooperativa do Paraná, de que o econômico pressiona muito a parte social e acaba relegando, algumas vezes, o social para segundo lugar. E às vezes é importante o dirigente dar uma parada e lembrar que o cooperativismo que é o principal combustível que move as nossas sociedades, para colocar a empresa no seu devido lugar, pois somos uma empresa cooperativa. Devemos buscar o equilíbrio entre o econômico e o social. Social não no sentido paternalista, mas de compromissos com a sociedade, que é dona da empresa cooperativa".

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