EDUCAÇÃO COOPERATIVA NO MBA

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As aulas do professor Odelso Scheneider, ontem (12/06), durante o segundo módulo do curso MBA de Cooperativismo, empolgaram e despertaram os participantes para a necessidade do fortalecimento da educação cooperativa. Como o Scheneider falou, trabalhar a questão da educação cooperativa, que é um dos princípios do cooperativismo é importante e devem sempre ser um tema reiterativo. Para ele, a educação é a condição prévia para o bom exercício e a boa vigência dos demais princípios. ?Eu diria que a educação cooperativa é a regra de ouro de toda a boa cooperativa?.Essa educação, na sua opinião, deve ser feita junto aos associados, aos funcionários, à direção da cooperativa e envolver a própria população onde a cooperativa está inserida. O professor acredita que hoje existe uma necessidade de se educar a própria sociedade, para que ela tenha uma imagem diferente do cooperativismo, mostrando que as cooperativas não são órgãos públicos e não são entidades beneficentes, mas que também não são entidades que visam o lucro, preocupando-se apenas em prestar mais e melhores serviços aos seus associados e à população. ?A educação cooperativa deve insistir cada vez mais na necessidade de se ter claro o que é a identidade cooperativista, qual é o rosto específico dessas organizações?, disse Scheneider.

Assimilar valores ? Em suas aulas, o professor Scheneider procurou deixar claro que educar, no âmbito cooperativista significa mostrar ao associado a importância de assimilar determinados valores, princípios e padrões de comportamento que façam, realmente, que com o tempo ele pense e aja diferentemente daquele processo de concorrência, de disputa, como se salve quem puder ou cada um por si e Deus por todos. Isso, no entanto, segundo o próprio professor, leva tempo. Portanto, sugere, nunca é demais insistir no processo de educação. ?Uma verdadeira cooperação precisa trabalhar a questão mente e coração das pessoas, para que amanhã ou depois prevaleça, na atividade econômica ou empresarial, a solidariedade e a cooperação sobre a concorrência?.

Desafios precisam ser claros - Hoje é preciso estar consciente e deixar muito claro quais são os desafios do setor. Para isso, é fundamental captar e aprofundar cada vez mais a importância de cada um dos princípios cooperativistas. A partir do momento em as pessoas estiverem mais afinadas com esses aspectos, com certeza estarão mais preparadas para enfrentar os desafios que aparecem, disse Scheneider.

Educação e evolução - O trabalho de educação também é tido como fundamental dentro do processo de evolução do sistema. Qualquer entidade que quer evoluir precisa investir na preparação, na capacitação e na educação de novos valores. Sheneider pergunta, por exemplo, o que é planejamento estratégico nas empresas da concorrência? Isso nada mais é, responde o professor, do que uma retomada da própria missão, dos objetivos estratégicos, conseguindo fazer com que pouco a pouco as pessoas tenham um pensar diferente e, por conseqüência, um agir diferente. Se isso é válido nas empresas da concorrência, muito mais ainda nas cooperativas, que são empresas diferentes e querem ter um caráter mais comunitário, operando mais através da cooperação do que da concorrência, da ajuda mútua e da sociedade.

Desde Rochdale - Os pioneiros do cooperativismo de Rochdale incluíram o princípio da educação cooperativa desde o início e o aplicaram, fazendo convênios com escolas técnicas para formar e capacitar seus associados. Eles tinham jornais e revistas à disposição dos associados e criaram uma biblioteca, levando sempre muito a sério a educação, numa época em que na própria Inglaterra a educação geral obrigatória na faixa etária dos 7 aos 14 anos não existia, vindo a ser introduzida 50 ou 60 anos depois. O que houve, então, explica o professor, é que quando o primário entrou quase que obrigatório na legislação inglesa, aí as cooperativas se viram desobrigadas dos princípios da educação. Nessa fase houve muita degeneração e desvios no cooperativismo inglês, que teve a sua educação resgatada mais tarde a partir das mulheres, que instituíram os clubes das mães e cobraram dos seus maridos o cumprimento desse princípio básico do sistema.

Sistema brasileiro - A criação do SESCOOP foi um grande passo nesse processo de educação e capacitação. Em alguns Estados, concretamente no Paraná, esse serviço de aprendizagem do cooperativismo vem funcionando muito bem. Mas, na avaliação do professor, mesmo assim, por mais que o SESCOOP atue na área, muito caminho ainda resta para ser percorrido. É preciso capacitar permanentemente o produtor, reciclar o prestador de serviços e o trabalhador. É fundamental que se capacite cada vez mais o associado, os funcionários, os dirigentes e os técnicos para reforçar neles o caráter e a contribuição específica que as cooperativas devem dar à sociedade. (Odelso Scheneider é professor de Sociologia do Trabalho das Organizações na Unisinos, no rio Grande do Sul, e coordenador do setor de Economia Solidária, Trabalho do Instituto Humanitas)

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