ECONOMIA: Mercado reduz projeções de inflação para 2012
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A nova ponderação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada, foi a principal responsável pela redução nas projeções do mercado para a inflação do ano que vem. Analistas consultados pelo Valor também destacam o papel desinflacionário do cenário global nas estimativas divulgadas ontem pelo Boletim Focus, do Banco Central.
Mediana - O boletim mostra que a mediana das projeções para o IPCA de 2012 foi reduzida de 5,56% para 5,49%. As previsões para a Selic do período também foram revisadas para baixo, de 10% para 9,75% ao ano. "A piora do quadro externo gera uma inflação menor, tanto pelo efeito crescimento como pelo efeito commodities", diz o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, que projeta alta de 6,5% no IPCA em 2011 e de 5,2% em 2012.
Nova ponderação - Segundo Padovani, o mercado diminuiu suas projeções para o IPCA do ano que vem de olho na nova ponderação do indicador oficial. A modificação, calcula Padovani, tirou 0,3 ponto percentual da inflação de 2012. Com esse alívio, os agentes econômicos passaram a antever a possibilidade de uma reação mais enérgica do Banco Central na hora de cortar os juros, mas ele discorda desse cenário.
Incentivos fiscais - "Com o conjunto de medidas tomadas pelo governo para reativar a economia, serão usados mais incentivos fiscais, o que fará o BC ficar mais cauteloso na hora de cortar os juros", avalia o analista da Votorantim, referindo-se à redução do IPI para itens de linha branca e do IOF sobre o crédito ao consumidor. Para ele, a autoridade monetária deve reduzir a Selic em mais 0,5 ponto percentual, para 10,5% ao ano, e interromper o ciclo de ajuste.
Novas medidas - O economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat, lembra que a política monetária não envolve somente a taxa básica de juros. "Não estão descartadas novas medidas, como relaxamento de compulsório, que tem forte efeito sobre a economia e aumenta a oferta de crédito no mercado." Mesmo assim, ele acredita que o BC deverá promover mais três cortes de meio ponto percentual na Selic em 2012. Desse modo, a taxa encerraria o ano em 9,5%.
Recessão na Europa - Combat sustenta que a expectativa cada vez mais provável de recessão na Europa deve amenizar a inflação no país, abrindo espaço para reduções além do previsto nos juros. O analista ressalta, porém, que as pressões nos preços dos alimentos devem persistir. "Alimento é o último produto a ser cortado do orçamento. Por isso, a demanda deve continuar forte, mesmo com a desaceleração econômica da China", avalia.
Selic - Thiago Carlos, da Link Investimentos, também baixou em 0,3 ponto percentual a estimativa para o IPCA de 2012, para 5,5%, em decorrência da nova ponderação, mas destaca que novos cortes na Selic devem ocorrer somente em função do cenário externo. Ele também projeta mais três cortes de 0,5 ponto na taxa básica. (Valor Econômico)