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DÓLAR: Câmbio gera debate dentro do governo

O governo trava um "debate intenso" sobre a desvalorização do dólar em relação ao real e as medidas para contê-la, informou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do desenvolvimento, Welber Barral. "Há um debate sobre se ainda não é hora, se está na hora ou se passou da hora (de intervir na política cambial)", disse o secretário, que explicou não ser correto acreditar que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou completamente a cobrança de tributos como o IOF sobre operações de câmbio. "Ele disse que não cogita mexer no IOF nesse momento", afirmou Barral. " A questão é qual é o momento."

Exportações - Divulgada nesta segunda-feira (1//06) com os resultados do comércio exterior do mês passado, a queda nas exportações em maio (de 38% em relação a maio do ano passado e de quase 3% em relação a abril) é uma das razões do debate sobre intervenção mais forte no mercado de câmbio. "Mas temos preocupação com estabilidade regulatória: não deixaremos de ter câmbio flutuante, nem tomaremos medidas irresponsáveis que afetem a credibilidade que o Brasil demorou a conquistar", afirmou o secretário.

Efeitos indesejáveis - No debate do governo, o Ministério do Desenvolvimento defende que a melhor maneira de evitar os efeitos indesejáveis do excesso de dólares na economia é reduzir os juros dos títulos públicos, revelou Barral. O BC discorda, com o argumento de que a política monetária é dirigida ao controle da inflação e não pode ter outro objetivo.

Distintos - Barral comentou que os efeitos da valorização do real são distintos entre os setores exportadores, por afetar mais duramente grandes empregadores de mão de obra (calçados, têxteis) e beneficiar indústrias com alto percentual de insumos importados, como a aeronáutica. A queda dos preços de commodities (matérias-primas com preço cotado no mercado internacional) e da demanda mundial impede que alguns dos setores prejudicados compense a perda de competitividade criada com a valorização do real, argumenta.

Desenvolvimento - Em São Paulo, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, afirmou ontem que ainda é possível exportar com o dólar a R$ 2,0, mas que o ideal seria algo entre R$ 2,20 e R$ 2,30. "A crise financeira dificulta mais as exportações do que a desvalorização do dólar", disse.O ministro afirmou que, ao invés de interferir no câmbio, o governo deveria tomar outras medidas. Ele descartou a adoção de impostos para inibir a entrada de dólares e avaliou que a solução é baixar os juros. "Na minha opinião, teria mais efeito para toda a economia um juro mais barato."

Desempenho - Apesar da preocupação do governo, o desempenho do comércio exterior brasileiro conseguiu apresentar, nos primeiros cinco meses de 2009, desempenho melhor que no mesmo periodo de 2008: as exportações superam as importações em US$ 9,4 bilhões, de janeiro a maio, quase US$ 700 milhões a mais que em 2008. Barral minimizou o mau resultado de maio, com o argumento de que as estatísticas de maio do ano passado foram distorcidas pela greve de auditores fiscais, concentrando naquele mês de 2008 operações dos meses anteriores. Comparando-se os dados dos cinco primeiros meses do ano, a queda das exportações foi de 22%, e das importações, 26,6%.

Minério de ferro - Segundo o Ministério do Desenvolvimento, a forte queda nas exportações de minério de ferro, principalmente para a China, foi a maior responsável pela redução das exportações. As vendas de minério caíram, de abril para maio, quase 35% em quantidade e 12% em preço, o que levou a uma queda de quase 43% no total das receitas de exportações do produto. Se excluído o comércio do minério de ferro, as exportações teriam subido 2,4% em maio, na comparação com abril, quase US$ 260 milhões.Com o efeito minério de ferro, pela primeira vez, desde 2002, houve queda na média diária das exportações de produtos básicos, entre janeiro e maio, de 6,5% (36% de abril para maio).

Aumento nas vendas - Apesar da queda nas exportações, alguns produtos importantes tiveram aumento nas vendas, como ferro fundido, carne salgada, fumo em folhas e etanol. Alguns mercados vem recuperando o poder de compra, como o Reino Unido, que aumentou em 56% as importações de produtos como petróleo, minérios, soja e avião, ou a Venezuela, que ampliou em 9,4% as compras de mercadorias como carne, automóveis e eletroeletrônicos. O Brasil, nos primeiros cinco meses, reduziu suas importações em todas as categorias de produtos, à exceção de bens de consumo não duráveis, que aumentaram em 8,2% em relação a igual período do ano passado, especialmente produtos farmacêuticos. (Valor Econômico)

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