Diretores do Bacen conhecem o Sistema Ocepar
Sistema de controle – O chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Bacen disse que objetivo da visita foi conhecer o SAAC, em virtude do banco ter um projeto de supervisão das co-operativas de crédito através das cooperativas centrais. Como há, no Brasil, muitas cooperativas de crédito não filiadas a centrais, os técnicos estão procurando conhecer mecanismos alternativos de avaliação da ges-tão das Cooperativas. “Talvez o projeto da Ocepar possa vir a ser esse instrumento”, frisou Feltrin. Depois de ouvir a explanação de Koslovski, Feltrin se disse impressionado com “o envolvimento do presidente da Ocepar, que é um ator do processo. Em alguns setores a gente vê que o presidente não tem uma atuação efe-tiva. Aqui nós percebemos que o comprometimento do presidente é um fato e isso nos chamou muito a a-tenção. É um dado muito importante na nossa avaliação de todo esse processo”.
Responsabilidade com as novas cooperativas – A visita dos técnicos do Bacen à Ocepar está rela-cionada com o projeto de microfinanças do banco, cujo objetivo é possibilitar que o máximo acesso da po-pulação ao crédito. Esse projeto, segundo Feltrin, está baseado em três pilares: cooperativas de crédito, as instituições de microcrédito e os correspondentes bancários. “Com relação às cooperativas de crédito, há um processo crescente de aperfeiçoamento do instrumento regulatório e está culminando, agora, com a Resolu-ção 3.106, que permitiu o retorno das cooperativas de livre associação. E a novidade, para que se tenha um crescimento sustentado do setor, é que o projeto de constituição de novas cooperativas prevê, além dos me-canismos de constituição, “é o projeto de viabilidade econômico-financeira da cooperativa que se pretende criar. Esse é um ponto relevante desse projeto”, frisou o chefe do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Bacen. “Quem quiser constituir uma cooperativa, tem que dizer qual o negócio dela, o que ela quer, onde quer chegar, evitando aventureiros. O objetivo é, quem quiser fazer, fazer bem feito”, concluiu.
Preocupação com aumento da demanda – Durante intervenções feitas no decorrer da reunião, os técnicos do Banco Central mostraram grande preocupação com a possibilidade do surgimento de um grande número de cooperativas em função das recentes alterações na legislação que regula o setor. Por isso estão conhecendo as experiências de controle executadas pelo sistema cooperativista. O presidente da Sicre-di Central Paraná, Seno Cláudio Lunkes, afirmou que a central só aceitará como filiadas as cooperativas que cumprirem com todas as determinações do Banco Central. O aumento da demanda é causado também pela excessiva divulgação do apoio governamental ao setor e, em parte, pela possibilidade de constituir coopera-tivas a partir de oito pessoas, prevista pelo novo Código Civil.
Prevalência da Lei 5.764 - No entanto, tanto o sistema OCB como os próprios dirigentes e de técnicos do Banco Central se posicionam pela prevalência da Lei 5764, que exige pelo menos 20 pessoas na constituição de uma nova cooperativa. O presidente da Ocepar estimou a situação atual, como se apresenta, permite antever, para os próximos três anos, o surgimento de cerca de 500 cooperativas de crédito. Os técni-cos do Bacen informaram, no entanto, que cerca de 300 artigos do novo Código Civil devem sofrer altera-ções, inclusive em assuntos pertinentes às cooperativas de crédito. A atual lei do Cooperativismo, reconhe-ceram os técnicos, é muito boa e precisa apenas receber alguns aperfeiçoamentos e modernizações.
Avaliação do SAAC – O Sistema de Análise e Acompanhamento de Cooperativas(SAAC) foi demonstrado pelo gerente de Desenvolvimento e Autogestão do Sescoop PR, Gerson Lauermann. O siste-ma, desenvolvido pela Ocepar, é aplicado no acompanhamento das cooperativas. O sistema foi repassado ao Sescoop Nacional e está sendo implantado em várias cooperativas filiadas as organizações estaduais de co-operativas. Estuda-se a utilização desse mesmo sistema para acompanhamento das cooperativas de crédito não filiadas a centrais, atendendo em parte as exigências de controle feitas pelo Banco Central. O presidente da Sicredi Central, Seno Cláudio Lunkes, mostrou-se favorável a utilização de um sistema de controle para que as cooperativas não filiadas às centrais possam ser acompanhadas. Lunkes frisou que é muito importan-te para a manutenção da boa imagem do sistema cooperativo de crédito que se realize o acompanhamento das cooperativas da forma preconizada pelo Banco Central.
Avaliação positiva – A reunião realizada na Ocepar foi considerada altamente positiva, pois pro-piciou a todos um interação que trará benefícios tanto para os técnicos do governo como para o sistema co-operativista no tratamento das questões de interesse comum. Ficou clara a preocupação, tanto dos dirigentes cooperativistas quanto dos técnicos do Banco Central para que as novas cooperativas que vierem a ser cons-tituídas, aconteçam dentro de critérios sérios, que permitam a sua sobrevivência e crescimento, evitando o desgaste da imagem do sistema. O presidente da Ocepar elogiou a seriedade com que os técnicos do Banco Central elaboraram os documentos relacionados com o Cooperativismo de Crédito, onde demonstraram pre-ocupação com o bom funcionamento do sistema. Também os técnicos do Banco Central avaliaram como al-tamente positivo o encontro, por permitir uma aproximação e um conhecimento mútuo, o que trará benefícios a todos.