DIA METEOROLÓGICO: Inmet discute relação entre clima e agricultura
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O impacto das mudanças climáticas na agricultura foi um dos temas abordados durante o seminário "Clima e você" promovido, nesta quarta-feira (23/03), pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em comemoração ao Dia Meteorológico Mundial. "Existe uma relação de correspondência entre o homem e o clima. A humanidade, com mais de seis bilhões de pessoas, é capaz de alterar o clima, aquecendo o planeta, e isso afeta suas atividades, como a agricultura", explicou o diretor do Inmet, Antônio Divino Moura.
Ondas de calor - O aumento das ondas de calor no mundo tem influência direta na atividade agrícola com crescimento do registro de secas intensas ou chuvas em excesso. "É um aspecto crítico porque a atividade demora para se adaptar. O impacto é muito maior em função das ondas de calor do que em relação ao aumento da temperatura", exemplifica Carlos Afonso Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia. Nobre também preside a Comissão de Coordenação de Atividades de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia (CMCH) do ministério.
Atenção especial - Para o presidente da Sociedade Brasileira da Meteorologia, José Carlos Figueiredo, a agricultura merece uma atenção especial com as previsões e observações do tempo. "O clima afeta qualquer atividade humana, desde a dona de casa cuidando do lar à pessoa que está viajando a turismo. E a agricultura principalmente", afirmou. "O Inmet, desenvolve um papel de extrema relevância, contribuindo para o desenvolvimento sustentável de vários setores, entre eles, a agricultura. O instituto é referência no serviço tanto no Brasil como perante outros países", acrescentou o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Milton Ortolan, que representou o ministro Wagner Rossi no seminário.
Desastres naturais - De acordo com o secretário Carlos Nobre, estudos mostram que todas as concentrações atmosféricas dos gases do efeito estufa vêm aumentando e isso provoca, entre outras consequências, aumento da temperatura, elevação do nível do mar e redução da neve no hemisfério norte."Não é uma prova absoluta, mas as estatísticas mostram, sem sombra de dúvida, que os desastres estão acontecendo com mais frequência". Carlos Nobre chamou a atenção para a mudança de clima em várias partes do país, onde chove, por exemplo, mais de 50 mm por dia. "Já é uma coisa do dia a dia acompanhar as chuvas intensas no sudeste de São Paulo e Rio de Janeiro. Deixou de ser uma situação anormal". Segundo ele, essa "normalidade" não se refere à perda de vidas humanas, mas ao desastre em si. "No Brasil, as inundações são o principal desastre natural. As fatalidades já acontecem em maior número, com os deslizamentos", explicou.
Mortes - Conforme os dados apresentados no seminário, um em cada um milhão de habitantes morria em desastres naturais no intervalo de 1970 a 2008. Hoje, o número subiu para onze. Segundo Nobre, então, há necessidade de converter alertas meteorológicos em alertas de desastres, como nos casos dos deslizamentos deste ano na região serrana do Rio de Janeiro. Para isso, servirá também o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, com implementação prevista para este ano no campus do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no município de Cachoeira Paulista.
História - O diretor do Inmet informou que o Instituto tem hoje, em sua sede, dois galpões para receber 12 milhões de documentos produzidos ao longo de cem anos, desde a época do Império, nos dez Distritos de Meteorologia (o Inmet completou 101 anos em 18 de novembro de 2010). Esse material é higienizado, escaneado e organizado para montar um arquivo nacional de dados. O primeiro distrito, com sede em Manaus, já enviou cerca de 70 caixas para dar início a tais procedimentos.
Resgate - Para ele, resgatar esses dados é resgatar a história do clima no Brasil. Com isso, é possível traçar ações e prever desafios para a agricultura, por exemplo. "Com essas informações teremos um modelo realista do que aconteceu nos últimos anos e torna-se mais fácil uma adaptação da agricultura ao clima, que está mudando", menciona. Além do impacto do clima na agricultura, as palestras abordaram mudanças climáticas, avanços tecnológicos na meteorologia gerenciamento de risco de desastres naturais.
Saiba mais - O Dia Meteorológico Mundial marca os 61 anos de criação da Organização Meteorológica Mundial (OMM) como uma agência especializada das Nações Unidas para tratar do clima, do tempo e da água. (Mapa)