DEMOGRAFIA: Paraná perde menos população que há 20 anos
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Após duas décadas de perdas populacionais consideráveis, os fluxos migratórios de saída e entrada no Paraná têm perdido força. De acordo com dados do último Censo Demográfico, divulgados nesta quarta-feira (17/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e tabulados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), entre 2005 e 2010, 272.183 pessoas chegaram ao estado ante 293.693 que foram embora. No quinquênio 1995-2000, a diferença entre entrada e saída foi de 39.686 pessoas que deixaram o Paraná contra 21.510 agora.
Comparação - A diminuição da “diáspora” paranaense é ainda mais acentuada na comparação com o período entre 1986 e 1991, quando mais de 475 mil pessoas nascidas nestas terras haviam deixado o estado contra 296 mil que chegaram – saldo de 206.110.
Perda - A perda da força da migração relacionada ao Paraná ainda pode ser observada pelo ritmo de queda das taxas de migração de data fixa, que adota como referência pessoas com mais de 5 anos de idade que informaram residir – cinco anos antes – em município ou país diferente daquele de residência atual. Enquanto o número dos que chegaram caiu 8% na comparação dos dois últimos quinquênios, a quantidade de pessoas que saíram teve queda de 13%. A migração de data fixa é mais consistente para avaliar os movimentos migratórios.
Explicação - De acordo com Anael Cintra, coordenador do Núcleo de Estudos Populacionais e Sociais do Ipardes, a fuga da população entre as décadas de 1970 e 1980 no Paraná se deu em razão do esvaziamento de áreas rurais, assim como no restante do país. “Enormes fluxos populacionais abandonaram o campo, seguindo predominantemente para a Região Metropolitana de Curitiba e áreas industriais do estado de São Paulo. Além de um terceiro e importante movimento destinado às áreas de fronteira agrícola no Centro-Oeste e Norte do Brasil.”
Causas - Uma das causas que forçaram a saída da população do campo paranaense ocorreu em 1975, quando o fenômeno climático conhecido como “geada negra” dizimou as plantações de café no estado, arruinou milhares de produtores e marcou o fim de um ciclo econômico importante no Norte Pioneiro.
Deslocamentos menores - Segundo especialistas em movimentos migratórios, depois desse esvaziamento, o que se vê agora são deslocamentos menores – dentro do próprio estado. “As migrações no Paraná vêm seguindo as mudanças verificadas para quase todos os demais estados brasileiros: diminuição de deslocamentos de longa distância e aumento das migrações no interior do próprio estado”, explica Wilson Fusco, demógrafo da Fundação Joaquim Nabuco.
Santa Catarina vira principal destino - Dentre os estados escolhidos pelos paranaenses quando saem da sua terra natal, Santa Catarina apareceu pela primeira vez como o principal destino – superando São Paulo. Essa, por exemplo, foi a escolha da maringaense Ana Caroline Casagrande, 23 anos, que há cinco anos escolheu Blumenau para estudar e já pensa no município catarinense como opção para viver após a conclusão do curso.
Falta da família - “No começo, senti falta da família, mas pela qualidade de vida acabei me adaptando. Aqui é perto das praias e vejo mais oportunidade de trabalho. Após passar pela residência, vou tentar ficar aqui”, afirma a jovem, que cursa o quinto ano de Medicina na Fundação Universidade de Blumenau (Furb).
Migração de paranaenses - O estado vizinho recebeu mais de 117 mil paranaenses em migração de data-fixa em 2010 – 40% do total de pessoas que deixaram o Paraná. Já São Paulo recebeu, em 2010, 78.841 moradores nascidos no Paraná, número que já foi quase três vezes maior no início da década retrasada.
Esgotamento - De acordo com Wilson Fusco, essa mudança pode indicar o esgotamento de absorção de trabalhadores em São Paulo. “Mas, naturalmente, a proximidade espacial também é um fator que explica a importância desse estado como destino”, afirma. (Gazeta do Povo)