Crônica sobre os transgênicos
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(*) Por Arnaldo Jabor
Será que existe soja de direita e soja de esquerda, existe feijão
reacionário e arroz progressista? Pois é, o governo não
sabe o que fazer nessa coisa meio louca, que vai para frente e para trás,
dos transgênicos no Brasil.
Temos que separar o que é Ciência do que é Política.
Não se pode ficar contra a Ciência com os avanços da biologia
molecular, se é discussão política, se deveria restringir-se
apenas quanto a quem vai controlar esse conhecimento científico.
No caso da soja, a palavra correta aliás não é transgênico,
mas sim soja geneticamente modificada, pois transgênico seria, por exemplo,
misturar o gene de uma minhoca com, sei lá, o da a cana-de-açúcar.
No caso da soja, a biotecnologia apenas aperfeiçoou sua própria
estrutura genética e não se provou até agora nenhum dano
à saúde.
No caso do Governo brasileiro, por medo de ter um dia as sementes controladas
pelas multinacionais, nossos brilhantes executivos do PT resolveram dar um tiro
no próprio pé, porque proibindo o plantio da soja geneticamente
modificada, além dos prejuízos com os nossos agronegócios,
perdendo bilhões por causa de baboseiras ecológicas, estão
boicotando um progresso da Ciência e principalmente sabotando uma das
empresas que mais contribuiu com o atual estágio do desenvolvimento brasileiro,
que é a Embrapa, que, por ser excepcionalmente competente, desenvolveu
diversas variedades de sementes de soja, entre outras coisas, e isso possibilitou
a conquista do cerrado brasileiro, quadruplicando a nossa produção
de soja.
A Embrapa detém o maior número de PHD's do Brasil, uma empresa pública, com doutores craques lá dentro. Da Ciência brasileira talvez seja um dos melhores lugares e a Embrapa tem sido vítima, direta ou indiretamente, dos boicotes no Executivo, primeiro cortando o seu orçamento, quando deveriam aumentá-lo muito, e depois prejudicando-a por medo de sermos engolidos no futuro por empresas como a Monsanto, que na cabeça dos comunas velhos é o fantasma do imperialismo. Apoie a Embrapa gente boa, é um dos poucos orgulhos nacionais.
(*) Íntegra do comentário do jornalista Arnaldo Jabor, divulgado
na rádio CBN, em 1° de setembro de 2003
