CRISE NA SUINOCULTURA
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A suinocultura brasileira vive hoje uma das suas mais graves crises, onde a oferta maior que a procura está derrubando os preços, represando o estoque na indústria e segurando no campo o animal que já está pronto para o abate. A oferta de carne suína, segundo Elias Zydeck, diretor-executivo da Sudcoop (Cooperativa Central Agropecuária do Sudoeste), aumentou entre 18% e 20%. Foi 8% de crescimento da produção e de 10% a 12% no peso do abate nas indústrias. Por outro lado, o aumento do custo/produção ainda sofre com os reajustes do preço do milho e do farelo de soja. De acordo com Elias, essa realidade deve persistir por um período entre 60 e 90 dias.
Exportação cresce e o preço cai - Apesar da crise, as exportações da carne suína continuam crescendo. Porém, por conta da grande oferta, o problema maior é que a cotação em dólar caiu aproximadamente 17 %. Para se ter uma idéia de como as vendas no mercado externo cresceram, somente nos quatro primeiros meses deste ano o Brasil já exportou 114 mil toneladas, contra 265 mil toneladas que deixaram o país em todo o ano passado. A cotação da carne, no entanto, não está cobrindo nem mesmo o custo produção.
Mercado interno - No Brasil existe um excedente de produção equivalente a cerca de 30 dias de abate. Além disso, tem o problema de o estoque estar represado nas indústrias. No campo, segundo Zydeck, pelo menos 350 mil cabeças estão prontas para serem abatidas. Como animal no campo é igual a prejuízo, toda a cadeia suína, que vai da produção à indústria e exportação, está sentindo o efeito da crise. Hoje, conforme avaliação técnica, o produtor está pagando para produzir. Enquanto o quilo da carne está cotado entre R$ 0,85 e R$ 0,90, o custo produção gira em torno de R$ 1,30 a R$ 1,32. Esse prejuízo, segundo Zydeck, tem reflexo sobre toda a cadeia produtiva.
Alternativas - Para Flávio Turra, da gerência técnica da OCEPAR, o governo brasileiro precisa trabalhar forte na retirada das restrições impostas pelos países importadores, principalmente pelo mercado europeu, de forma que a produção brasileira tenha opções de buscar novos parceiros. Turra lembrou que, atualmente, 85% das exportações brasileiras tem como destino a Rússia. A conquista de novos mercados seria uma alternativa às crises como essa que está passando o suíno no Brasil. Outra solução seria a implantação de uma política de apoio à comercialização interna, tipo EGF da carne, disponibilizando recursos para que a indústria possa bancar estoques a preço baixo. Isso, complementa Flávio, já numa visão de que no inverno há um crescimento no consumo.
Redução na produção ? Em curto prazo, explica Zydeck, a única solução é a redução no volume de produção. Já para o futuro, continua, é preciso pensar em novos mercados, buscando novos canais de consumo por meio das exportações, que precisam deixar de ser centralizadas em praticamente um único destino, como é hoje para a Rússia.