CRISE FINANCEIRA II: Reflexos da crise mundial preocupam setor agrícola

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Preocupação com uma possível inadimplência, redução na oferta de crédito e aumento das taxas de juros, principalmente para investimento, dificuldades dos financiamentos para exportações e dificuldades na comercialização, com a ausência de compradores de trigo e  redução da margem da soja e milho, foram algumas das questões apontadas pelas cooperativas agropecuárias paranaenses que se reuniram na quinta-feira (09/10) para discutir os efeitos da crise financeira internacional e os impactos na atividade agrícola no Brasil. A  discussões fizeram parte do Fórum Financeiro e de Mercado promovido pelo Sistema Ocepar, e que aconteceu das 09 às 17 horas, na sede da Ocepar, em Curitiba. O superintendente adjunto da organização, Nelson Costa, explicou que o objetivo do fórum foi perceber a real dimensão da crise e buscar formas de reduzir o seu impacto no setor cooperativista.

Avaliação - "Temos que avaliar como ficam os atuais investimentos e quais são as perspectivas para os projetos novos. Também há uma grande preocupação com a falta de recursos", afirma Costa.  Segundo ele, a maior dificuldade é para quem precisa de capital no curto prazo, já que os insumos para a safra de verão, que está sendo plantada, já foram comprados e devem ser quitados com os recursos de custeio liberados pelo governo, a taxas compatíveis.

Queda das commodities - Um dos primeiros reflexos da crise mundial foi percebida nos preços das commodities agrícolas. Segundo levantamento da Ocepar, os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT), reduziram 40% em três meses, o milho 42% e o trigo 28%. Além dessa queda acentuada, ainda há muita incerteza no setor produtivo brasileiro em relação à efetiva execução da política de garantia de preços mínimos e custeio da produção. As preocupações do setor incluem ainda o aumento da oferta de produtos no mercado interno pelas dificuldades de exportações, fator que poderá provocar a queda dos preços.

Como reagir à crise - Apesar das preocupações, as cooperativas paranaenses esperam que o governo brasileiro tome algumas medidas para reverter os reflexos já causados pela crise e também para proteger o setor de futuros problemas. Uma dessas medidas seria garantir recursos para financiamentos dos custeios, investimentos em execução e principalmente o processo de comercialização, tanto interna como externa. Outras sugestões do setor produtivo para enfrentar a crise incluem: corte dos juros para induzir o consumo interno como forma de absorção dos excedentes exportáveis que não estão tendo mercado, bem como para que a desaceleração da economia não seja tão intensa; aumento do superávit primário em 2 ou 3 pontos percentuais e diminuição dos gastos públicos; ampliação da parcela de aplicação de recursos obrigatórios para suportar a demanda do crédito rural; avaliação das posições tomadas com moeda estrangeira (hedge, créditos, etc.); avaliar a situação dos compradores (tradings e outros) para fechamento de negócios.

Sugestões cooperativas - Em relação aos problemas relacionados ao crédito, as cooperativas paraenses sugerem as seguintes medidas: destravamento das linhas de crédito para giro, exportações e renovação das operações existentes; liberação de recursos para EGF e para adiantamento a cooperados na forma de repasse; liberação de recursos para crédito rural aos produtores para o plantio da safra; liberação de recursos do FAT para o crédito rural; manter as liberações de recursos para investimentos; liberação pelo Banco do Brasil dos recursos anunciados de R$ 5 bilhões que ainda não chegaram nas agências; agilizar a aprovação do programa de financiamento das quotas partes; e prorrogar os vencimentos dos próximos 120 dias até normalizar a situação de recursos. "Temos que pensar em soluções também para a questão da comercialização. No fórum de ontem, as sugestões propostas pelas cooperativas incluem, principalmente, dar continuidade nas ações de suporte para comercialização de trigo, e estender os leilões de PEP/qualquer destino, objetivando viabilizar a exportação de milho", revela Nelson Costa.

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