CPI DO LEITE OUVE PRODUTORES, INDÚSTRIA E VAREJO
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Distorções - Segundo o assessor de cooperativismo e planejamento da Ocepar, Leonardo Boesche, que acompanhou as audiências em Ponta Grossa e Guarapuava a CPI está sendo uma grande oportunidade para que sejam esclarecidas de uma vez por todas as distorções do setor e quem é que ganha com esta crise toda. "Na audiência de Ponta Grossa, muitos produtores fizeram questão de lembrar que a partir da entrada de indústrias não cooperativas na região a situação piorou muito, levando inclusive as cooperativas locais, que hoje somente coletam o leite, vender o produto para indústrias fora do estado" relata Boesche. Entre os principais pontos abordados nestas reuniões está a questão dos custos de produção, embalagens, importações de produtos lácteos subsidiados, pressão das grandes redes de supermercados, entre outros. As reuniões de Beltrão e Cascavel estão sendo acompanhadas por Nelson Costa, da gerência técnica e econômica da Ocepar e pelo assessor da diretoria da Ocepar e presidente do Sindileite, Wilson Thisen e os vice presidentes da Ocepar Ari Antonio Reisdoerfer e Valter Vanzella, além de dirigentes das cooperativas.
Benefícios do cooperativismo - Para o produtor Jeocir Ancheski, de Irati, "o sistema cooperativista beneficiava mais o produtor rural do que o atual sistema, onde as multinacionais é que ditam as regras. A Batávia/Parmalat tem a finalidade de destruir o produtor", frisou o produtor.Outra questão levantada por Jeocir diz respeito aos altos custos das embalagens, principalmente do longa vida que muitas vezes chega a custar mais que o próprio líquido. "Se é o consumidor que exige este tipo de embalagem, ele é que deveria pagar mais por este tipo de produto, hoje quem paga por isso são os produtores o que é injusto". Ele levou notas fiscais de compra de insumos de dezembro de 1994 e do mesmo mês de 2001. Praticamente todos os produtos tiveram aumentos superiores a 100% e o preço do leite subiu apenas R$ 0,1. A saca da semente de milho, por exemplo, passou de R$ 20,00 para R$ 60,00, um aumento de 200%. A ração subiu 89%, de R$ 7,40 em 1994 para R$ 14,00 em 2001.
Estatísticas - Para poder continuar na atividade e cumprir com seus compromissos muitos produtores estão se desfazendo de parte de seu plantel. É o caso do produtor Ubirajara Festemberger, de Ponta Grossa que teme o futuro da atividade. "Estudos dizem que em 1995 existiam no Brasil cerca de 1,8 milhões de produtores de leite. Em 2000 caiu para 1,2 milhões e a previsão para 2005 é diminuir para apenas 400 mil. Meu medo é estar fora desta estatística", salientou. Segundo o presidente da Batavo e vice-presidente da Ocepar, Frank Dijkstra, o principal responsável pelo achatamento do preço do leite não é a indústria mais sim as grandes redes de supermercado. "A relação produtor/indústria não tem grande poder para reverter o quadro." Ele disse que a sua cooperativa está buscando outros compradores para o leite dos cooperados, como uma forma de melhorar o preço do produto. "Hoje, 50% do nosso leite está sendo vendido para outras indústrias".
Próximas audiências - Após Ponta Grossa, Guarapuava, Francisco Beltrão e Cascavel a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa do Paraná, que tem como presidente o deputado estadual Orlando Pessutti, realiza audiências públicas nos seguintes municípios:
Maringá - 31/01/2002 - 9 horas - Câmara Municipal na Av. Papa XXIII, 239
Londrina - 31/01/2002 - 16 horas - Parque de Exposições Governador Ney Braga, auditório da Administração, na Av. Tiradentes, 6275