COOPERATIVAS RECEBEM BEM PREÇO MÍNIMO AO CAFÉ

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O sistema cooperativo recebeu bem e com certa surpresa a notícia da inclusão do café na política nacional de preço mínimo, como forma de tentar melhorar a comercialização e os preços do produto. O anúncio foi feito ontem (01) pelo ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), e representantes do setor cafeeiro. Segundo Pratini, a decisão de favorecer o café se deveu à forte queda do produto no mercado internacional causada pelo grande aumento da safra neste ano. "A produção de café foi o único setor da agricultura que não apresentou um aumento na renda do produtor neste ano", afirmou. Essas medidas já foram aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), faltando apenas a publicação do decreto com o preço mínimo do produto. Para auxiliar a comercialização o governo lançará mão dos contratos de opção de venda para os produtores, no valor de até R$ 765 milhões, que poderão englobar até 6 milhões de sacas - 78,2% de arábica e 21,8% de robusta.

Balizador de preço - As novas medidas foram bem recebidas pelas cooperativas do Paraná, onde a cafeicultura é praticada principalmente por pequenos produtores. Maurício Gonzaga, gerente comercial da Cocamar, ficou surpreso com o anúncio das medidas. "Eu não imaginava que ocorreriam agora. Qualquer medida para balizar os preços é muito útil para balizar o mercado, impedido que uma maior queda", frisou. O apoio do governo para a comercialização vai evitar pressão nas vendas. Por sua vez, o assessor comercial da Coamo, Rogério de Mello, disse que "os contratos de opção sinalizam um preço que permite o produtor sobreviver".

Definições técnicas - Agora o setor cafeeiro aguarda definições do governo quanto à execução da política de apoio principalmente referentes à qualidade e classificação do produto, que é muito diferente do milho, cuja política de apoio à comercialização deve ter sido copiada para o café. Enquanto o milho é considerado uma commoditie, com preço único, o café apresenta diferença de preços em função dos tipos, qualidade e variedade, que devem tornar um pouco mais complexa a política de apoio à comercialização.

Importância ao Paraná - Depois de ter sido o maior produtor, aos poucos o Paraná substituiu o café por outras culturas, detendo hoje apenas 4,4% da produção nacional, estimada em 44,7 milhões de sacas. Assim mesmo, tem uma grande importância social, pois mais de 20 mil trabalhadores dependem da cultura para sobreviver. Na Cocamar, por exemplo, que neste ano deve produzir 250 mil sacas, o dobro da safra do ano passado, o café representa entre 7 a 8 % do faturamento da cooperativa, que foi de R$ 602 milhões no último ano. Estima-se que o valor bruto da produção paranaense de café chegue aos R$ 200 milhões por ano. A cafeicultura no Paraná é exercida basicamente por pequenos produtores, que empregam mão-de-obra familiar e que dependem das cooperativas para beneficiamento e comercialização. A vantagem é o menor custo de produção.

Contratos de opção - Os contratos de opção anunciados para o café terão vencimento em dezembro próximo (3,365 milhões de sacas) e em março de 2003 (2,635 milhões de sacas). Os valores definidos para o exercício serão de R$ 130,00 (arábica) e R$ 77,00 (robusta) para dezembro e de R$ 135,00 (arábica) e de R$ 80,00 (robusta) para março. Esses serão os valores líquidos, pagos ao produtor depois de deduzidas as despesas com ICMS e com o Funrural. O governo destinará $ 320 milhões para o apoio às exportações de café. De acordo com o ministro, o Banco do Brasil liberará R$ 170 milhões, por meio da Poupança Rural, e os outros R$ 150 milhões virão do Fundo Nacional de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). O BB financiará 80% do valor da saca para estocagem - suficiente para um volume de 4 milhões de sacas. Também serão destinados entre R$ 400 e R$ 500 milhões aos produtores para custeio da safra de café 2002/03.

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