COOPERATIVAS DISCUTEM REVITALIZAÇÃO DO ALGODÃO

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A Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar) reúne cooperativas e produtores de algodão do Paraná, no dia 24 próximo, em Maringá, para discutir os problemas do setor e elaborar o programa de revitalização da cotonicultura. O presidente da Acopar, Almir Montecelli, afirmou que os produtores estão buscando alternativas para que a cultura do algodão recupere sua importância econômica e social no Paraná. O encontro reunirá técnicos e dirigentes de uma dezena de cooperativas que continuam investindo na cotonicultura, apesar da redução significativa da área plantada nos anos 90.

Importância social - Na safra 91/92 havia cerca de 83 mil produtores de algodão no Paraná, que plantaram 705 mil hectares. A desestruturação do setor começou quando o governo Collor liberou a importação de algodão produzido com subsídios. A liberalização da importação produziu um efeito cascata em toda a cadeia produtiva, inviabilizando em seguida as indústrias de fiação, pois o setor de confecção percebeu que era mais barato importar o tecido pronto do que comprá-lo das indústrias brasileiras. Por fim, o setor de confecção também acabou prejudicado com as importações de produtos prontos de outros mercados. Apenas no Paraná cerca de 80 mil produtores abandonaram o plantio de algodão na última década, causando uma crise sem precedentes no setor. Hoje cerca de 2.500 produtores, plantam 35 mil hectares. Considerando que houve uma redução de mais de 670 mil hectares na área de algodão no Paraná e que cada três hectares gera 1 emprego direto, a desestruturação do setor provocou a perda de aproximadamente 220 mil empregos.

Como revitalizar a produção - Para o Paraná recuperar a importância econômica e social do algodão "é preciso adotar no Paraná um mínimo de incentivo, equivalente ao de outros Estados, aproveitando nossa condição privilegiada do plantio mais cedo, que nos permite comercializar o produto antes dos outros estados produtores, a preço melhor", afirma o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski. Como a cultura do algodão é considerada boa geradora de emprego, todos os demais estados produtores adotam a redução do ICMS sobre a industrialização e comercialização, que varia de 75 a 85 %. "É evidente que o Estado perde imposto, mas ganha pela dinamização da economia. Precisamos considerar que redução da área de algodão no Paraná representa uma perda de R$ 1,1 bilhão no valor da produção, além da perda de 220 mil empregos no campo", esclarece Koslovski. Segundo a Ocepar, que participa do esforço pela recuperação do setor, o Paraná tem todas as condições exigidas para aumentar significativamente a área. Talvez não os 705 mil hectares, mas um número bem mais confortável do que os atuais 35 mil hectares. Têm instituições de pesquisa, produção organizada através de cooperativas e da iniciativa privada e indústrias de processamento, inclusive na área de fiação.

R$ 212 mil em 27 alqueires - Um exemplo da importância econômica e social da cotonicultura pode ser visto na área de 27 alqueires de Antonio Carlos Furlanetto e familiares, em Porecatu, que na última safra produziu 600 arrobas de algodão por alqueire, dando uma receita bruta de R$ 212 mil. Furlanetto afirmou que foram adotadas as mais modernas tecnologias da análise do solo (com análise dos micro-nutrientes) ao controle das pragas e doenças. "A colheita foi feita à mão, o que garante uma qualidade muito melhor que na colheita mecânica", frisou. A colheita manual custou cerca de R$ 40 mil. "Geramos mais de 220 salários mínimos para os trabalhadores", frisou Furlanetto, que considera essencial a reposição dos micro-nutrientes no solo para obtenção de uma boa produtividade. "Só não fizemos análise foliar para verificar outras deficiências da planta porque não deu tempo", concluiu. Antonio Carlos Furlanetto pagou R$ 2,5 por arroba para a Coceal (Cooperativa Central de Algodão, com sede em Ibiporã) transformar o produto em pluma, para venda. A Coceal é outra vantagem da organização dos produtores: além de produzir semente para as cooperativas associadas, industrializa o produto.

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